Ex-presidente da Funai pede fim de inquérito que o indiciou por mortes de Bruno e Dom

O ex-presidente da Funai, Marcelo Xavier, pediu à Justiça do Amazonas o trancamento do inquérito policial que o indiciou por homicídio qualificado e ocultação de cadáver nos assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips. 

Em maio, a Polícia Federal indiciou o chefe da pasta durante a gestão Bolsonaro por entender que Xavier havia assumido o risco de que os crimes acontecessem ao não adotar as medidas necessárias para o combate à ação de criminosos na região do Vale do Javari, onde ocorreram os assassinatos. 

A defesa do ex-presidente da Funai argumentou que o indiciamento “veio desacompanhado de quaisquer elementos que delimitassem, ainda que minimamente, alguma conduta real, comissiva ou omissiva, que possa ser imputada” a Xavier, conforme destaca trecho citado pelo jornal O Globo, que teve acesso ao pedido dos advogados.

Para a investigação, o fato do ex-presidente da Funai ser policial seria suficiente para prever que, diante dos riscos aos quais as pessoas que atuavam no Vale do Javari estavam submetidas, um ataque poderia acontecer. Ele, porém, não agiu.

A PF também cita o desmonte do órgão, a perseguição de que Bruno foi alvo quando atuava na fundação e o pedido de socorro de servidores do Javari feitos em 2019, que nunca foram atendidos.

Em nota, o advogado Bernardo Fenelon, que representa Xavier no caso, disse que o indiciamento “representa uma grande injustiça, pois nenhuma conduta jamais foi praticada por ele”. O comunicado acrescenta que aguarda uma correção do Poder Judiciário no caso já que, segundo Fenelon, seria baseado “exclusivamente em notícias de internet e nada mais”.