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Escavadeira da Codevasf vira banner publicitário de Arthur Lira
Maquinário foi comprado com verba do orçamento secreto por 739 mil reais


Uma escavadeira hidráulica pertencente a Codevasf, comparada com verba do orçamento secreto por 739 mil reais, se tornou um aparato publicitário para o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). A informação é do jornal O Estado de S. Paulo.
O caso aconteceu, conforme mostra o jornal, em Teotônio Vilela, no Alagoas, comandada por Peu Pereira (PP), primo do deputado. Lira também é primo de João José Pereira Filho, o superintendente da Codevasf em Alagoas.
A máquina, que agora estampa um banner com a foto de Lira e um agradecimento ao parlamentar foi comprada para ser usada em obras e construções na cidade, ela, porém, está parada em um ponto turístico da cidade. O uso como aparato publicitário é vedado pela própria Codevasf no termo de doação do equipamento para a cidade. O contrato permite apenas que o equipamento seja usado apenas em obras de interesse social.
A cidade de Teotônio Vilela é um dos principais redutos eleitorais de Lira no estado. Em 2022, o deputado conquistou o voto de quase 40% dos eleitores do município, o que representa 13,2% de todos os votos que recebeu no pleito.
O nome do deputado está ligado ao envio de emendas parlamentares a cidade. De acordo com uma publicação feita pelo superintendente da Codevasf em setembro de 2022, cerca de 90% das emendas parlamentares enviadas a Teotônio Vilela nos últimos 12 anos são de autoria de Arthur Lira.
“Aproximadamente 135 milhões de reais para todas as áreas, de 2010 a 2022″, disse.
Em maio, João José Pereira Filho informou que a Superintendência de Alagoas recebeu 20 retroescavadeiras por meio de emendas parlamentares de Lira.
Procurada, a assessoria de Lira afirmou não ver qualquer irregularidade na ação. Ao jornal, chegou a questionar: “Qual o problema de ter um banner de agradecimento à entrega da retroescavadeira?”. A Codevasf, por sua vez, disse que a responsabilidade é da prefeitura, que não comentou o caso.
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