De acordo com a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), empresas ligadas ao garimpo ilegal, proprietárias de caminhões e transportadoras privadas são suspeitas de terem participado dos atos de extrema-direita contrários ao resultado das eleições de 2022 e que levaram ao 8 de Janeiro.
Segundo informações contidas em documento entregue pela Abin à CPMI do 8 de Janeiro, reveladas pelo jornal Folha de S. Paulo neste domingo 16, 272 caminhões entraram em Brasília (DF) a partir de novembro do ano passado. Cerca de metade da frota, que serviu para o apoio operacional dos atos golpistas, pertencia a empresas, ou seja, não eram autônomos. A indicação é de que veículos comerciais dificilmente teriam liberdade para irem até Brasília sem autorização ou ordem de empresários.
Os caminhões estavam, segundo a Abin, registrados em nomes de pessoas com participação em empresas ligadas ao setor agropecuário. De acordo com a agência, foram poucos os caminhoneiros autônomos que participaram dos atos.
Um dos nomes centrais na investigação levada à frente pela Abin é o de Enric Juvenal da Costa Lauriano, empresário ligado ao garimpo que divulgava canais para arrecadar recursos para o grupo golpista. Também em 2022, segundo dados cruzados pela Abin, ele era o responsável por uma escavadeira apreendida dentro da Terra Indígena Kayapó, no Pará.
Lauriano divulgava a rede de financiamento em Marabá (PA), através de uma empresa de informática cujo proprietário é Ricardo Pereira Cunha, dono, também, da empresa Mineração Carajás Limitada.
Lauriano e Pereira Cunha não se manifestaram sobre as citações no relatório da Abin.
“Essas conexões evidenciam o vínculo entre a prática de ilícitos ambientais e a atuação de grupos extremistas contrários à eleição para a Presidência da República em 2022, além de permitirem identificar redes de práticas delituosas abrangendo diversas atividades, atores e verbas oriundas da exploração ilegal de recursos naturais”, diz um trecho do relatório da Abin revelado na publicação.
Segundo o relatório da Abin, dos 272 caminhões identificados, metade deles tinha registro de Mato Grosso. Caminhões de Goiás e da Bahia tinham, cada um, 46 placas. Além deles, outros 26 caminhos tinham registros do Paraná.
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