O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse em 2019 à Comissão de Ética da Presidência que adotaria medidas para “mitigar ou prevenir” conflito de interesses por ter uma offshore em um paraíso fiscal.
A informação foi divulgada pela comissão nesta segunda-feira 4, um dia depois de uma reportagem baseada nos Pandora Papers revelar que o agora ministro de Jair Bolsonaro abriu, em 25 de setembro de 2014, a Dreadnoughts International, uma offshore nas Ilhas Virgens Britânicas, no Caribe. Nos meses seguintes, a empresa recebeu o aporte de 9,55 milhões de dólares (23 milhões de reais à época, 51 milhões de reais no câmbio atual).
“Dentre as medidas usualmente determinadas e aceitas pela Comissão, encontra-se a recomendação de manter inalteradas as posições de seus investimentos durante todo o exercício do cargo, de modo a prevenir ocorrência de conflito de interesses, nos termos da Lei nº 12.813/2013, sem prejuízo da necessidade de outras medidas no caso concreto e da observância das regras previstas na legislação, como a que impede a utilização de informações privilegiadas”, diz nota da CEP.
A comissão também afirma que a Declaração Confidencial de Informações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, foi analisada em agosto de 2019, “restando constatado que a própria autoridade informou que adotaria medidas para mitigar e evitar a ocorrência de conflitos de interesses”. Campos Neto também possui empresas no exterior.
Guedes manteve a offshore aberta mesmo após a entrada no governo Bolsonaro, em janeiro de 2019, em um cargo que lhe confere autonomia para propor e influenciar mudanças capazes de impactar suas aplicações fora do País. Ele diz ter informado a CEP sobre seus investimentos em contas no exterior dentro do prazo legal de dez dias.
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