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Elon Musk diz ‘uau’ para convocação bolsonarista a protestos contra Lula
O tuíte já ultrapassava 20 milhões de visualizações na manhã deste sábado 15


O bilionário Elon Musk, atual chefe do Departamento de Eficiência Governamental dos Estados Unidos sob o governo Trump, voltou a usar sua influência digital para fomentar crises políticas internacionais. Desta vez, a investida envolve o endosso a uma postagem sobre manifestações contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em sua rede social, o X.
A publicação, assinada pelo usuário Mario Nawfal e compartilhada por aliados de Jair Bolsonaro, sugere protestos em 120 cidades brasileiras no próximo dia 16, atribuindo a mobilização a uma “onda nacional de oposição” ao atual governo. Musk compartilhou o post, comentando: “wow”. Sua manifestação e já ultrapassava 20 milhões de visualizações na manhã deste sábado 15.
Em 2024, o X chegou a ser suspenso no Brasil por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), devido ao descumprimento de ordens judiciais. Desde então, Musk e o governo Lula vêm trocando críticas públicas. O empresário também endossou, sem apresentar provas, a tese de que o governo Biden teria financiado a eleição de Lula em 2022, narrativa propagada por aliados de Donald Trump e da família Bolsonaro.
Nos últimos dias, parlamentares bolsonaristas intensificaram um discurso pró-impeachment, buscando explorar a forte queda na aprovação de Lula. Segundo a mais recente pesquisa Datafolha, apenas 24% do eleitorado considera o governo “ótimo ou bom” — uma queda de 11 pontos percentuais em dois meses, refletida até em redutos tradicionais do petista.
A atitude de Musk também remete à estratégia trumpista de “inundar a zona” (flooding the zone): gerar um turbilhão de declarações e ações que desestabilizam adversários e mantêm a atenção pública em constante ebulição. Desde que reassumiu a Casa Branca, Trump anunciou medidas como a retomada de tarifas de importação e o corte drástico na assistência internacional, sob o argumento de que a Usaid e outros programas humanitários devem ser “realinhados aos interesses americanos”.
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