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‘Diagnóstico equivocado’: Ministro da CGU critica ranking da Transparência Internacional, que mostra recuo do Brasil
O chamado IPC avalia a percepção de especialistas e empresários sobre a integridade do setor público em 180 países


O ministro da Controladoria-Geral da União, Vinícius Marques de Carvalho, afirmou que os resultados do Índice de Percepção da Corrupção de 2023, divulgado nesta terça-feira 30 pela ONG Transparência Internacional, devem ser vistos com cautela e pontuou que um “termômetro desregulado leva a diagnósticos equivocados”.
A publicação feita por Carvalho nas redes sociais acontece após o relatório da TI indicar que o Brasil perdeu 2 pontos no IPC de 2023 e caiu 10 posições no ranking global. Agora, registra 36 pontos e está na 104ª posição entre os 180 países listados, segundo o levantamento.
“O Índice de Percepção da Corrupção da Transparência Internacional é um termômetro conhecido, mas que apresenta problemas”, escreveu. “Especialistas do mundo todo dizem, há mais de uma década, que o termômetro do IPC tem problemas. Essas críticas precisam ser levadas a sério e debatidas”.
O Índice de Percepção da Corrupção da @TI_InterBr é um termômetro conhecido, mas que apresenta problemas. Veja essa coleção de retrocessos do governo anterior no combate à corrupção👇, retirada de relatórios da própria TI entre 2019 e 2022: pic.twitter.com/ikJVsf9iBc
— Vinicius Marques de Carvalho (@mcarvalhovini) January 30, 2024
O IPC avalia a percepção de especialistas e empresários sobre a integridade do setor público em 180 países. São atribuídas notas em uma escala de 0 a 100. Quanto maior a nota, melhor é a percepção de integridade.
A Transparência considera três pilares para a construção do combate à corrupção: o judicial, o político e o social.
No relatório sobre o Brasil, a organização atribuiu a piora da percepção de corrupção ao governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), acusado de tentar neutralizar os pilares de combate à corrupção.
O levantamento ainda destacou a atuação da CGU pela derrubada dos inúmeros sigilos impostos pela gestão do ex-capitão em documentos de interesse público e pela criação de regras para prevenir violações da Lei de Acesso à Informação.
Mais cedo, a Controladoria divulgou uma nota com posicionamento semelhante ao do ministro. No comunicado, sustentou que índices baseados em percepção possuem “limitações metodológicas” e pregou cautela na análise dos resultados. “A corrupção é um fenômeno complexo e nenhum indicador consegue medir todos os seus aspectos”, acrescentou.
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