A Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo indiciou, na noite da quinta-feira 23, o delegado Carlos Alberto da Cunha, conhecido como Da Cunha, por suspeita de peculato, crime em que o funcionário público, em razão do cargo que ocupa, desvia bens públicos em benefício próprio ou de terceiros. A pena prevista é de 2 a 12 anos de reclusão, além de multa.
Segundo os policiais que comandam a investigação, Da Cunha usou da estrutura da Polícia Civil para gravar vídeos de operações oficiais e rentabilizar o seu canal no Youtube, que conta com mais de 3 milhões de inscritos.
Um dos vídeos veiculados era sobre um suposto estouro de um cativeiro na favela Nhocunée, zona lesta da capital de São Paulo. Uma matéria da Folha de S.Paulo, no entanto, que teve acesso a depoimentos de demais policiais e da própria vítima ao Ministério Público, mostrou que o vídeo foi encenado para que Da Cunha saísse como autor. Na quarta-feira, durante uma live em seus canais, o delegado, afastado de suas funções desde julho, assumiu que encenou a invasão do cativeiro com o objetivo de fazer uma ‘reprodução simulada dos fatos’.
Com o indiciamento, Da Cunha passa a ser considerado suspeito pelo crime. A apuração da investigação será encaminhada ao Ministério Público que pode decidir por pedir mais informações, denunciá-lo à Justiça, ou solicitar o arquivamento se entender que não há crime.
O delegado afastado também é alvo de uma investigação pelo Ministério Público que investiga possível enriquecimento ilícito.
Da Cunha nega as acusações e, em suas redes sociais, segue desqualificando as investigações e notícias que saem a seu respeito.
Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.
Já é assinante? Faça login