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Por ordem de Omar Aziz, CPI da Covid detém Roberto Dias

‘Não estamos aqui pra brincar de ouvir historinha de servidor que pediu propina’, disse o presidente da comissão ao dar a voz de prisão

Senador Omar Aziz (PSD-AM). Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado
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O ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias foi detido após a sessão da CPI da Covid nesta quarta-feira 7.

A voz de prisão, executada pela Polícia Legislativa, partiu do presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), que acusou Dias de mentir durante o depoimento.

O ex-servidor negou que tenha marcado um encontro com o policial militar Luiz Paulo Dominguetti, representante da Davati Medical Supply, para negociar a compra de 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca. À CPI, ele afirmou que tomava um chopp com um amigo – José Ricardo Santana, ex-servidor da Anvisa – quando foi abordado por Dominguetti e pelo coronel Marcelo Blanco, ex-servidor da Saúde, com a oferta.

No entanto, áudios encontrados no celular de Dominguetti e revelados pela CNN Brasil colocaram em xeque a versão de Dias. O encontro aconteceu em um restaurante localizado em um shopping de Brasília, no dia 25 de fevereiro, ocasião em que o representante da Davati acusa Dias de ter pedido propina de um dólar por dose de imunizante.

Os áudios

Em 23 de fevereiro, dois dias antes do suposto pedido de propina, Dominguetti enviou um áudio a um interlocutor, Rafael, às 16h22. “Rafael, tudo bem? A compra vai acontecer, tá? Estamos na fase burocrática. Em off, pra você saber, quem vai assinar é o Dias mesmo, tá? Caiu no colo do Dias… e a gente já se falou, né? E quinta-feira a gente tem uma reunião para finalizar com o Ministério”, diz o PM.

No dia 25, quando teria ocorrido o pedido de propina, Dominguetti recebeu um áudio de um aliado, Odillon, que o ajudou a entrar em contato com militares que, segundo ele, abriram portas no Ministério da Saúde. Na mensagem, Odillon perguntou: “Queria ver se vocês combinaram alguma coisa para encontrar com o Dias”. Isso aconteceu às 14h51.

No dia 26, após uma reunião com Roberto Dias no Ministério da Saúde, Dominguetti voltou a enviar uma mensagem ao interlocutor Rafael. Ele disse que havia acabado de sair da pasta. A mensagem foi enviada às 17h16. A agenda oficial da pasta registra o encontro às 15h.

“Rafael, acabei de sair aqui do ministério. Tudo redondinho. O Dias vai ligar pro Cristiano (representante da Davati no Brasil) e conversar com o Herman (CEO da Davati) ainda hoje, tá. Ele tá afinando essa compra aí, várias reuniões certificando a turma de que a vacina já está à disposição do Brasil”, disse Dominguetti.

Ele finaliza o áudio dizendo que estavam discutindo como seria o pagamento. “Se for da AstraZeneca, melhor ainda”.

Após a divulgação dos áudios, o presidente da CPI deu voz de prisão a Roberto Dias. “Vai estar detido agora, pelo Brasil. Porque estamos aqui pelo Brasil, pelos que morreram, pelas vítimas sequeladas. Não estamos aqui pra brincar, não, de ouvir historinha de servidor que pediu propina”, disse Omar Aziz, ao encerrar a sessão.

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