Conanda repudia declaração de Campos Neto por ‘naturalizar’ trabalho infantil

Em entrevista, o presidente do BC narrou o episódio em que foi abordado por um garoto na informalidade e pagou a compra via Pix

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, na TV Cultura. Foto: Nadja Kouchi/Divulgação

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O Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, ligado ao Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, repudiou uma declaração do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sobre ter sido abordado por um garoto em um restaurante vendendo produtos e ter pago a compra via Pix.

“Vamos olhar o que o Pix fez com as pessoas, em quanta mudança isso gerou”, disse Campos Neto em entrevista à TV Cultura na segunda-feira 13.  “Eu falei: ‘O Pix ajuda sua vida?’ Ele falou: ‘O Pix mudou a minha vida’. A gente que está no BC às vezes não tem a percepção de como que a gente consegue impactar a vida das pessoas na ponta. É muito importante essa agenda nossa social.”

O conselho criticou a postura do presidente do Banco Central por normalizar uma situação de trabalho infantil.

“O que nos salta aos olhos não é a facilidade do pagamento, mas o fato de que havia uma criança em situação de trabalho infantil – e em uma das suas piores formas – que abordou um cidadão cuja providência não foi fazer a denúncia aos órgãos de proteção, mas incentivar a prática, não somente comprando o produto do ‘garoto’ como exaltando-o pela ‘iniciativa'”, argumenta o conselho.

A manifestação, assinada pelo presidente do Conanda, Ariel de Castro Alves, reforça os direitos garantidos a crianças e adolescentes, entre eles a idade mínima de 16 anos para exercer atividade laboral, salvo em situações de aprendiz, a partir dos 14 anos.

“Esperamos contribuir para o fim da naturalização do trabalho infantil no Brasil e solicitamos ao BACEN que adote medidas de garantia, proteção e defesa dos direitos humanos de crianças e adolescentes, em especial de combate ao trabalho infantil.”


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