CartaExpressa
Com mudança na Petrobras, liberais descobrem que Bolsonaro não é liberal
Para Salim Mattar, ex-secretário especial de Desestatização, País está se militarizando demais
Após o presidente Jair Bolsonaro anunciar o general Silva e Luna como o novo presidente da Petrobras, ex-aliados já reconhecem que o governo não é liberal.
É o caso de Salim Mattar, ex-secretário especial de Desestatização, que criticou a escolha do presidente.
“Me desculpe, estamos militarizando demais o País”, afirmou em entrevista à CNN Brasil.
“O militar é para quartel. Temos que colocar um homem de mercado na Petrobras. Um homem que saiba o que é um departamento de relações com os investidores. Esse é o tipo de pessoa que precisamos em uma empresa listada. O governo brasileiro está mostrando que não é confiável”, acrescentou.
Para ele, “o governo não é liberal e eu acreditei no candidato Bolsonaro. No candidato que falava em privatizar a ‘TV da Dilma’, que é a EBC, a empresa do trem bala, que é a EPL. Ele falava em tirar o estado do cangote do cidadão. Mas foi um discurso de campanha. Eu deixei todos os meus negócios para ir para o governo. Fui motivado pelo desafio espetacular, que era um projeto de Brasil e não do governo.”
A substituição de Roberto Castello Branco no comando da petroleira também recebeu críticas de Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central, que comparou o Brasil a Venezuela.
Boa tarde Venezuela
— Gustavo Franco (@gustavohbfranco) February 19, 2021
Em entrevista ao Estadão, o economista Luiz Carlos Mendonça de Barros, ex-presidente do BNDES na gestão de FHC, diz que o perfil liberal de Castello Branco inviabiliza a sua atuação na empresa.
“O Castello Branco não tem o perfil para tratar do problema do diesel com essa vertente social e econômica que demanda a questão dos caminhoneiros. A linha de pensamento dele é liberal, de que cada um tem de se virar, de que, se o preço é volátil, então, vai ficar volátil”.
Um minuto, por favor…
O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.
Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.
Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.
Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.
Assine a edição semanal da revista;
Ou contribua, com o quanto puder.