CartaExpressa
CNJ decide por unanimidade afastar ex-cunhada do Sarney e desembargadores do TJ-MA
A medida foi determinada após suspeitas de que os magistrados estariam envolvidos em um esquema de corrupção passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) decidiu, por unanimidade, abrir um processo administrativo e determinar o afastamento imediato de desembargadores e juízes do Maranhão. A medida foi determinada após suspeitas de que os magistrados estariam envolvidos em um esquema de corrupção passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro.
Entre os nomes afastados, que incluem a desembargadora Nelma Celeste Sousa Silva Sarney Costa, cunhada do ex-presidente José Sarney, estão os desembargadores Marcelino Everton Chaves, Antônio Pacheco Guerreiro Júnior e Luiz Gonzaga Almeida Filho, além dos juízes Cristiano Simas de Sousa e Alice de Sousa Rocha.
As investigações apontam que essa “organização criminosa estruturada” foi responsável por proferir decisões judiciais fraudulentas que causaram prejuízo ao Banco do Nordeste. O caso teve início após relatórios de inteligência do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) identificarem movimentações financeiras suspeitas.
O relator do caso, o corregedor nacional de Justiça, ministro Mauro Luiz Campbell, afirmou que o afastamento é uma medida necessária para evitar qualquer tentativa de interferência no curso das investigações. O relator citou como exemplo um precedente de 2015, quando a juíza Alice Rocha autorizou a expedição de um alvará de 14,1 milhões de reais em favor de um particular, contrariando abertamente o parecer técnico da contadoria judicial.
Quando o Banco do Nordeste apresentou um recurso, o desembargador Marcelino Chaves teria solicitado informações apenas para retardar o andamento da ação, possibilitando que o valor fosse liberado antes de qualquer intervenção judicial. Em outro exemplo citado, houve uma penhora de quase 5 milhões de reais sem que o setor técnico fosse consultado. O CNJ concluiu que as ações eram coordenadas, funcionando como um “roteiro” de decisões prontas para favorecer interesses específicos do esquema.
O caso veio à cena pública no ano passado, quando a Polícia Federal deflagrou a Operação 18 Minutos. A suspeita é que o esquema já dura mais de dez anos.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.
Leia também
Dino dá 10 dias para PGR se manifestar sobre uso de emenda para pagamento de pessoal da saúde
Por Maiara Marinho
Petrobras descobre nova reserva de petróleo na Bacia de Campos
Por Danilo Queiroz
Redução de taxas pelos EUA está na ‘direção correta’, diz Alckmin
Por CartaCapital


