CartaExpressa
Cineasta desmente bolsonaristas sobre ‘encenação de atentado’; o filme sai em 2023
‘O fato ilegal neste caso é a divulgação de uma cena retirada do contexto da história que será contada’, diz a produção de ‘A Fúria’
A produção do filme A Fúria se manifestou sobre a polêmica em torno de uma encenação de suposto atentado contra o presidente Jair Bolsonaro (PL).
As imagens circularam nas redes sociais e foram compartilhadas por aliados do ex-capitão. Segundo a equipe do longa-metragem, os registros foram tirados de contexto e sua divulgação é ilegal.
“Ruy Guerra filmou um longa-metragem de ficção que será lançado no final de 2023, portanto não há qualquer relação com o processo eleitoral e, muito menos, forjar fake news simulando um fato real”, diz a nota divulgada. “O fato ilegal neste caso é a divulgação de uma cena retirada do contexto da história que será contada.”
A produção acrescenta que Guerra só se manifestará sobre o longa-metragem “quando estiver pronto, como ele sempre faz”.
No sábado 16, bolsonaristas atribuíram a autoria das imagens à TV Globo. O ex-secretário da Cultura Mário Frias, por exemplo, disse haver “rumores de que o vídeo foi feito no Projac”.
A emissora divulgou uma nota para desmentir os militantes do ex-capitão: “A Globo não tem nenhuma série, novela ou programa com esse conteúdo. Segundo foi informada, a gravação seria de um filme do cineasta Ruy Guerra chamado ‘A Fúria‘, que pretende fechar a trilogia iniciada com ‘Os Fuzis‘, de 1964, e ‘A Queda‘, de 1976″.
Diz ainda o texto: “O Canal Brasil tem uma participação de apenas 3,61% nos direitos patrimoniais desse filme, mas jamais foi informado dessas cenas e, como é praxe em casos de cineastas consagrados, não supervisiona a produção. Embora tenha participação acionária no Canal Brasil, a Globo não interfere na gestão e nos conteúdos do canal.”
Ainda assim, o ministro da Justiça e da Segurança Pública, Anderson Torres, disse que apurará as circunstâncias do vídeo.
“Determinei encaminhamento do caso à PF para instauração de inquérito policial, e completa apuração dos fatos”, escreveu nas redes sociais.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também
Fachin recusa convite de Bolsonaro para reunião com embaixadores: ‘dever de imparcialidade impede’
Por Agência O Globo
Bolsonaro usa cerimônia religiosa no RN para repetir clichês da extrema-direita
Por CartaCapital
Pesquisa aponta a percepção de que a corrupção cresceu no governo Bolsonaro
Por CartaCapital



