CartaExpressa
Busca por petróleo na Margem Equatorial entra na mira do MPF
O órgão foi à Justiça antes de o Ibama conceder a licença à Petrobras


Dias antes de o Ibama autorizar a pesquisa de petróleo na foz do rio Amazonas, o Ministério Público Federal no Amapá acionou a Justiça Federal para evitar que o instituto concedesse a licença à Petrobras sem a realização de um novo simulado de resposta a emergências. Nesta segunda-feira 20, porém, a empresa obteve o aval para dar início à perfuração.
Na petição, encaminhada na última quinta-feira 16 à Justiça, a Procuradoria da República defendeu novos exercícios para testar a capacidade real de resposta se houver vazamento de óleo. De acordo com o órgão, a continuidade do licenciamento para exploração de petróleo na área sem a correção de falhas no Plano de Emergência Individual representa um grande risco ao meio ambiente.
No início de outubro, o MPF já havia orientado o Ibama a não emitir a licença sem a devida aprovação de uma nova Avaliação Pré-Operacional, um simulado de resposta a emergências, como um vazamento de óleo. Além disso, chamou a atenção para os possíveis danos ao meio ambiente, como a perda de biodiversidade.
O instituto, porém, respondeu ao MPF que não acataria as recomendações. Com isso, os procuradores recorreram à Justiça para garantir que as falhas identificadas na APO, realizada em agosto, e a insuficiência do Plano de Proteção e Atendimento à Fauna Oleada fossem corrigidas antes da emissão da licença.
O local onde a Petrobras deve realizar a perfuração fica a 500 quilômetros da foz do rio Amazonas e a 175 quilômetros da costa do Amapá.
A autorização foi confirmada 20 dias antes do início da COP30, em Belém. O tema era alvo de intenso debate, com fortes críticas de ambientalistas. Opositores ao empreendimento citam o risco à biodiversidade marinha na região da foz do Amazonas. A Petrobras, por sua vez, fez testes e tem alegado estar preparada para conter danos de eventuais incidentes.
Segundo o Ibama, a autorização foi liberada após “rigoroso processo de licenciamento ambiental”, com 65 reuniões técnicas em mais de 20 municípios do Pará e do Amapá, além de vistorias em estruturas de resposta a emergências. A Petrobras afirma que a operação deve começar imediatamente e durar cerca de cinco meses.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Lula anuncia R$ 108 milhões para cursinhos populares e critica impunidade na política
Por Vinícius Nunes
A disputa pelo Senado no Amazonas, segundo nova pesquisa
Por CartaCapital