CartaExpressa
Bretas é acusado de parcialidade em investigações da Lava Jato no Rio
Acusações são feitas por advogado, que atuava na mesma vara do juiz, e topou acordo de delação após ser alvo da Polícia Federal
O juiz Marcelo Bretas, responsável pela condução dos processos da Lava Jato no Rio de Janeiro é acusado de atuar de forma imparcial e ilegal nas investigações, acusações e condenações da operação. A acusação é feita pelo advogado Nythalmar Dias Ferreira Filho, que atuava na vara comandada por Bretas, mas topou um acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR) após ser alvo de uma operação de investigação da Polícia Federal. As informações foram reveladas pela revista Veja nesta sexta-feira 4.
Em suas acusações contra o juiz, reunidas em anexos do acordo de colaboração, o advogado narra alguns episódios que incriminariam Bretas, como a intermediação de um acordo informal com o ex-governador Sérgio Cabral, réu em processos da operação por corrupção – para poupar a ex-primeira dama Adriana Ancelmo. Em seu relato, o próprio Nythalmar afirma ter procurado Bretas sobre o caso, a pedido do filho de Cabral, e conseguido efetivar a proposta com o juiz e o então chefe da Lava Jato no Estado, Eduardo El Hage.
A operação deu orientações para que Cabral e a ex-primeira-dama redigissem uma carta de próprio punho “abrindo mão de todo o patrimônio”. Segundo Nythalmar, para dissimular a combinação, o MP recorreu da decisão – tudo acertado entre as partes. Preso em Bangu 8, Sérgio Cabral passou a confessar seus crimes a Bretas em junho de 2018. Em agosto do mesmo ano, o magistrado revogou a prisão domiciliar de Adriana Ancelmo e autorizou que ela respondesse às acusações em liberdade. O delator informou que tem guardada uma gravação que “demonstra a participação, ciência e aquiescência de acordo similar” ao do ex-governador.
Em outro anexo da delação, Nythalmar acusa acusa Bretas de ter atuado deliberadamente para influenciar o resultado das eleições no Rio de Janeiro, em 2018, que alçaram Witzel ao Palácio Guanabara. O seu adversário político era o atual prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD). Às vésperas do primeiro turno da disputa, o juiz teria vazado o depoimento de um ex-assessor de Paes, então líder nas pesquisas de intenção de voto, acusando o candidato de envolvimento em fraude de licitações e recebimento de propina. O delator informou ter ouvido do próprio Bretas a revelação de que ele nutria antipatia pelo ex-prefeito e que “foi importante que a população fluminense soubesse quem era Eduardo Paes antes da eleição”.
Ainda de acordo com o delator, no segundo turno das eleições, após sair vencedor das eleições Witzel nomeou Marcilene Cristina Bretas, a irmã do juiz, para um cargo na Controladoria-Geral do Estado.
À reportagem, o juiz Marcelo Bretas disse que desconhece o teor da delação do advogado Nythalmar Dias Ferreira Filho e negou que haja irregularidades no trabalho da 7ª Vara. Aprovado pela Procuradoria-Geral da República, o acordo de delação do advogado ainda precisa ser homologado pela Justiça.
Relacionadas
CartaExpressa
Câmara do Rio aprova projeto de Carlos Bolsonaro e cria o Dia do Conservadorismo
Por CartaCapitalCartaExpressa
TJ nega pedido de Dr. Jairinho para retomar mandato de vereador na Câmara do Rio
Por CartaCapitalCartaExpressa
STF determina que Castro preste esclarecimentos sobre operação policial na Maré
Por CartaCapitalCartaExpressa
Gilmar: ‘Disse a Moro que ele e Deltan roubavam galinhas juntos’
Por CartaCapitalUm minuto, por favor…
O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.
Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.
Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.
Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.
Assine a edição semanal da revista;
Ou contribua, com o quanto puder.