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Bolsonaro volta ao ataque contra ministros do STF: ‘Vamos ceder para dois ou três e relativizar a liberdade?’

‘Agências de checagens, arbitrariedades estapafúrdias, visando que duas ou três pessoas no Brasil passem a valer mais que todo nós juntos’, afirmou o ex-capitão

Bolsonaro volta ao ataque contra ministros do STF: ‘Vamos ceder para dois ou três e relativizar a liberdade?’
Bolsonaro volta ao ataque contra ministros do STF: ‘Vamos ceder para dois ou três e relativizar a liberdade?’
Foto: EVARISTO SA/AFP
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O presidente Jair Bolsonaro voltou a atacar, nesta quarta-feira 23, ministros do Supremo Tribunal Federal. Em cerimônia no Palácio do Planalto, o ex-capitão declarou que o Poder Executivo supostamente “resiste” a “arbitrariedades”.

“Geralmente, quem busca colher a liberdade e impor um regime de força num país é o chefe do Executivo. E aqui é exatamente ao contrário. É o chefe do Executivo que resiste”, alegou Bolsonaro.

“Agências de checagens, arbitrariedades estapafúrdias, visando que duas ou três pessoas no Brasil passem a valer mais que todo nós juntos. Mais que a Câmara, mais que o Senado, mais que o Executivo, mais que os outros órgãos do Judiciário, mais que o TCU, mais que o STJ… Nós vamos ceder para dois ou três e relativizar a nossa liberdade?”, completou.

Logo depois, em evento com investidores, Bolsonaro disse indiretamente a ministros do STF que “não estiquem essa corda”. Apesar de não citar nomes, o presidente criticou uma série de medidas adotadas pelo Supremo e pelo Tribunal Superior Eleitoral.

Nas últimas as semanas, os ataques do ex-capitão apresentam como alvos preferenciais os ministros Alexandre de Moraes, Edson Fachin e Luís Roberto Barroso.

“Precisamos de paz para ter liberdade. E devemos lutar por isso. Não vai ser o chefe do Executivo que vai jogar fora das quatro linhas. Mas, por favor, não vocês, dois ou três no Brasil, não estiquem essa corda. Vocês vão ter que vir para dentro das quatro linhas, afinal, todos nós temos limites”, afirmou, em palestra promovida pelo banco BTG Pactual.

Com a voz elevada, declarou, ainda, que a população não deveria simplesmente aceitar o “quem vencer, venceu”. Ele comentou o caso do deputado federal Daniel Silveira, que chegou a ser preso no ano passado por ameaçar o Supremo e hoje responde ao processo monitorado por tornozeleira eletrônica.

“Ficam brincando o tempo todo de nos controlar, de desrespeitar a nossa Constituição, de ferir a nossa liberdade de expressão, de prender deputado. Por mais errado que ele tenha sido em suas palavras, manter esse cidadão brasileiro, que pode ter errado em suas palavras, com tornozeleira eletrônica…”, criticou.

Bolsonaro também tornou a colocar em dúvida a legitimidade do sistema eleitoral brasileiro. No ano passado, ele tentou aprovar o voto impresso, mas foi derrotado no Congresso. Nesta quarta, citou a decisão do Supremo de restringir o acesso financeiro a páginas na internet que disseminam notícias falsas.

“(Querem) botar freio na nossa liberdade de discutir eleições pelas mídias sociais. Onde vamos chegar se temos um sistema eleitoral que você pode não comprovar que é fraudável, mas você não tem como comprovar também que não pode ser fraudável?”, perguntou, sem apresentar quaisquer evidências a sustentar as alegações, como de praxe.

(Com informações da Agência Estado)

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