O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pode ser convocado a depor na CPMI que apura os atos golpistas de 8 de Janeiro no Congresso Nacional. A possibilidade foi levantada pela relatora da comissão, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA) em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo.
“Há possibilidade de ele [Jair Bolsonaro] vir. Isso é um fato. De novo, pode ser também que não venha. Nós temos 180 dias. Então eu acho que, nesses dois primeiros meses, é importante tomar pé da situação. O que você tem. E depois partir”, explicou.
“[Mas] Se tiver que fazer uma ação mais ostensiva, sim. Se tiver que chamá-lo, nós vamos chamar. Até porque é absolutamente possível disso acontecer, né?”, reconheceu Eliziane em seguida.
A senadora também afirmou que há maior possibilidade de convocar nomes do entorno do ex-capitão, como o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, preso logo após os atentados. Ibaneis Rocha (MDB), governador do Distrito Federal, que chegou a ser afastado do cargo após o terrorismo, também é outro alvo quase certo, segundo a relatora.
“No caso do governador do DF há uma possibilidade de fato, né? Há algumas definições em nível de Supremo, mas ele é investigado, o governador de Brasília. Tem uma diferença. […] Tem possibilidade real disso acontecer”, disse.
Já sobre Torres, Eliziane foi mais enfática: “É um nome que também será ouvido. Até pela função dele. Naturalmente será ouvido. Até acredito que será logo”, disse. “É um nome que será ouvido com toda certeza”, reforçou em seguida.
Ainda na conversa, ela disse que militares do alto escalão também serão convocados a depor na CPMI. Na entrevista, porém, não soube antecipar nomes ou cargos dos futuros alvos entre os fardados.
A senadora também reconheceu que há possibilidade de se convocar integrantes do atual governo na busca por responsabilizar eventuais agentes de omissão nos atos. Sobre o tema, ela minimiza, porém, o nível das acusações da oposição.
Se tiver alguém que deveria ter agido dentro da estrutura do governo atual e não agiu, ele tem que ser responsabilizado. Agora, dizer hoje que isso é real, eu não posso dizer. Até porque eu não tenho elementos que me subsidiem”, destaca.
“Dia 8 é um fato. Você teve sete dias de governo só, estava no oitavo dia. Outra coisa. A segurança ostensiva é da Polícia Militar. A Polícia Federal, por exemplo, é uma polícia judiciária, ela não faz o trabalho ostensivo. Quem faz o trabalho de proteção daqui é a PM do DF”, conclui em seguida.
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