O presidente Jair Bolsonaro afirmou, em depoimento à Polícia Federal, que o então ministro da Justiça, Sergio Moro, aprovaria uma mudança no comando da corporação, desde que ele fosse indicado ao Supremo Tribunal Federal.
A oitiva ocorreu no âmbito do inquérito que apura possível interferência ilegal do ex-capitão na PF.
“QUE ao indicar o DPF RAMAGEM ao ex-ministro SERGIO MORO, este teria concordado com o Presidente desde que ocorresse após a indicação do ex-Ministro da Justiça à vaga no Supremo Tribunal Federal”, diz trecho do depoimento, prestado na noite da quarta-feira 3.
Moro argumenta que Bolsonaro o pressionou pela troca na diretoria-geral da da PF em agosto de 2019 e em janeiro, março e abril de 2021. O presidente nega as acusações e alega que a saída de Maurício Valeixo foi motivada por “falta de interlocução”.
Em maio de 2020, já fora do governo, Moro prestou depoimento à PF e declarou ainda que Bolsonaro tentou, em fevereiro, trocar o superintendente do órgão no Rio de Janeiro. “A mensagem tinha, mais ou menos o seguinte teor: ‘Moro você tem 27 Superintendências, eu quero apenas uma, a do Rio de Janeiro'”, diz o relatório sobre o depoimento do ex-ministro.
Em nota divulgada nesta quinta-feira 4, o advogado de Moro, Rodrigo Sánchez Rios, diz que foi “surpreendido pela notícia de que o presidente da República, investigado no Inquérito 4831, prestou depoimento à autoridade policial sem que a defesa do ex-ministro fosse intimada e comunicada oficialmente, com a devida antecedência, impedindo seu comparecimento a fim de formular questionamentos pertinentes, nos moldes do que ocorreu por ocasião do depoimento prestado pelo ex-ministro em maio do ano passado”.
Leia a íntegra do depoimento de Bolsonaro:
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