O Comitê de Política Monetária do Banco Central decidiu nesta quarta-feira 16 aumentar de 10,75% para 11,75% ao ano a Selic, taxa básica de juros. Trata-se do maior índice desde abril de 2017, quando estava em 12,25%.
É o nono aumento consecutivo, um processo de elevação que teve início em março de 2021. E a tendência é de piora: segundo o Boletim Focus, que traz semanalmente as expectativas do “mercado” sobre os principais indicadores da economia, projeta-se que a Selic chegará a 12,75% no fim de 2022.
Em 2023, o “mercado” espera que os juros continuem elevados. Pela segunda semana seguida, houve alta na previsão, que saiu de 8,25% e chegou a 8,75%.
O aumento dos juros é, supostamente, uma estratégia de contenção da inflação, que segue em disparada e castiga o bolso dos brasileiros. O IBGE divulgou na semana passada o IPCA de fevereiro, que avançou 1,01%, a maior taxa para o mês desde 2015. No acumulado de 12 meses, a alta é de 10,54%.
Todos os grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE registraram elevação no mês passado. O maior impacto (0,31 ponto percentual) e a maior variação (5,61%) vieram da Educação. Os brasileiros também continuam a sofrer com os preços dos alimentos e dos combustíveis. Em 12 meses, a gasolina acumula alta de 32,62%. Dispararam também o diesel (40,54%), o etanol (36,17%) e o gás de botijão (27,63%).
Para Josian Teixeira, gestor da Lifetime Asset Management (plataforma que atua no mercado financeiro), o Banco Central sinaliza para um alongamento do ciclo de aumentos na taxa de juros.
“O efeito da alta de juros tem um tempo de cerca de seis a oito meses para ser colocado na economia. O juros sobe hoje e só vai impactar efetivamente nos modelos econômicos a partir do mês 10 e 11. Lá no mês 10 e 11 a gente vai ver a inflação começar a cair”, afirmou. “A taxa de juros futura já está num nível de 13%. Ou seja, se você, consumidor, comprar um carro financiado, a concessionária já vai colocar a taxa de 13% ao ano mais o spread que ela vai colocar para obter o lucro.”
“No mês passado, a gente teve um comentário do presidente Roberto Campos Neto de que o pico da inflação seria entre abril ou maio. Ou seja, condiz com o que estamos dizendo: estamos aumentando a Selic hoje, teremos um pico de inflação em abril ou maio e ainda terei um aumento da Selic em junho, pós-pico da inflação, para que depois de seis meses do último aumento consigamos conter os dados de avanço da inflação”, completou Teixeira.
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