CartaExpressa
Audiência pública é uma chanchada realizada pelo ‘péssimo’ Queiroga, diz Gonzalo Vecina
A CartaCapital, o médico sanitarista e fundador da Anvisa reforça a importância de vacinar rapidamente as crianças contra a Covid


A audiência pública sobre a vacinação de crianças contra a Covid-19, promovida nesta terça-feira 4 pelo Ministério da Saúde, não passa de “um teatro, uma chanchada realizada por esse péssimo ministro, que consegue ser pior que o general [Eduardo Pazuello] que saiu de lá”. Essa é a avaliação de Gonzalo Vecina, médico sanitarista e fundador da Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
“Essa consulta pública, que se encerra com a audiência pública, é uma pantomima, uma representação teatral. 13 países, pelo menos, já estão vacinando as suas crianças”, afirmou Vecina em contato com CartaCapital. “As nossas crianças e os nossos jovens precisam ser protegidos como outros países estão fazendo”.
O especialista reforça que muitas crianças e jovens que sobrevivem à Covid-19 sofrem com a chamada “Covid longa”, ou seja, com os efeitos de longo prazo provocados pela doença. Assim, frisa Vecina, é preciso vacinar esse público, já que os imunizantes ampliam a proteção contra as manifestações graves do novo coronavírus.
A imunização de crianças e adolescentes de forma célere é ainda mais importante dada a proximidade do retorno das atividades letivas.
“É importante que a criança proteja seus parentes que estão em casa. Que, quando ela volte para casa, não leve a doença. Vacinação é a única coisa que podemos fazer de mais inteligente neste momento.”
“O Ministério da Saúde fez esse teatro e o resultado vai ser vacinar, mesmo. Só o que aconteceu foi atrasar o início da vacinação. Tivemos hoje a oportunidade de ouvir alguns bons profissionais, outros péssimos, e acho que o comportamento mais adequado, com todo o respeito, foi o da Anvisa, de sequer participar. Eu também tomei essa decisão”, completa Vecina.
A Anvisa, que decidiu não participar da audiência, aprovou em 16 de dezembro a aplicação da vacina pediátrica da Pfizer em crianças de 5 a 11 anos. A imunização, porém, não começou. Marcelo Queiroga afirmou na segunda-feira 2 que a vacinação infantil deve começar na 2ª quinzena de janeiro.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Vacinação de crianças não deve depender de prescrição, diz vice-presidente do CFM
Por CartaCapital
“Carrego um coração artificial”: deputado francês fala das sequelas da Covid para defender vacinação obrigatória
Por RFI
‘Depois reclamam ao serem chamados de genocidas’, diz Renan sobre demora do governo para vacinar crianças
Por CartaCapital