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Após vitória dos liberais, governo Lula demonstra interesse em firmar acordo entre Mercosul e Canadá
Eventual acordo reduziria dependência canadense em relação aos EUA, principal motor dos votos que confirmaram um novo mandato para Mark Carney como primeiro-ministro do país


O governo Lula (PT) parabenizou o liberal canadense Mark Carney pela vitória nas eleições realizadas na última segunda-feira 28 no país norte-americano.
Ao comentar o resultado, o Planalto disse que pretende aprofundar a cooperação “em áreas de interesse mútuo, como a promoção e a proteção dos direitos humanos e o combate à mudança do clima”. E sinalizou um interesse em dar um passo adiante em um possível acordo entre o Mercosul e o Canadá.
“Temos interesse em avançar nas negociações de um acordo comercial entre o Mercosul e o Canadá para diversificar e expandir nosso intercâmbio”, diz a nota assinada por Lula.
O bloco sul-americano e o Canadá chegaram a iniciar, em 2018, as negociações para um acordo comercial. Atualmente, porém, as tratativas estão suspensas.
Mas a volta de Donald Trump ao poder nos Estados Unidos reacende a necessidade de fortalecimento de acordos bilaterais. Com uma postura bélica na arena comercial, o republicano não se furta a aumentar a extensão do muro tarifário para a entrada de produtos estrangeiros, o que tem tido consequências em praticamente todo o mundo.
Um dos países mais afetados pela política comercial de Trump é, justamente, o Canadá. Um eventual acordo do Mercosul com o país agora governado por Mark Carney poderia servir como meio de diminuir a dependência do Canadá em relação aos Estados Unidos, dado o fato de que, comercialmente, os EUA marcham para serem vistos como um parceiro pouco confiável.
O Brasil, outro afetado pela guerra tarifária, também busca alternativas para ampliar seus mercados ao redor do mundo. O Mercosul, nesse caso, é um dos caminhos encontrados por Lula para ampliar sua participação no comércio global. O acordo com a União Europeia, por exemplo, ganhou novo vigor com a chegada do republicano ao poder. As relações com a China também esquentaram desde a confirmação do retorno de Trump à Casa Branca.
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