CartaExpressa
Após suspeita de atentado em escola, governador de Sergipe condena medidas ‘linha-dura’: ‘Não quero tratar criança como marginal’
Nesta quarta-feira, a direção do Colégio Estadual Filipe Tiago Gomes, em Maruim, suspendeu as aulas após ameaças de um suposto ataque na unidade


Um dia após a ameaça de atentado a uma escola em Maruim, a cerca de 30 quilômetros de Aracaju, o governador de Sergipe, Fábio Mitidieri (PSD), condenou as iniciativas que propõem o aumento de seguranças e a instalação de catracas eletrônicas e detector de metais para controlar o acesso de pessoas às dependências das unidades de ensino.
“Eu vi alguns prefeitos no Brasil a fora colocando catracas eletrônicas na porta das escolas e detector de metal […] Eu sinceramente não quero tratar criança como marginal, como bandido”, declarou a CartaCapital nesta quinta-feira 30. “Nós temos que entender que a educação começa na base. O acompanhamento psicossocial é importantíssimo pra evitar que tragédias como a ocorrida em São Paulo possam acontecer“.
O governador ainda enviou um projeto de lei à Assembleia Legislativa de Sergipe a propor a criação do Programa Acolher, um mecanismo responsável pela promoção de ações psicossociais nas escolas sergipanas.
“Vamos [combater a violência] através do Projeto Acolher com acampamento de psicólogos e assistentes sociais, com monitoramento e fortalecimento da educação também sobre a ótica social. Agora, colocar detector de metal [ou reforçar o policiamento nas unidades] vai contra aquilo que entendo que deve ser feito com a educação”, acrescentou.
Na última quarta-feira, a direção do Colégio Estadual Filipe Tiago Gomes suspendeu as aulas após a circulação em redes sociais de mensagens que indicavam a realização de um possível atentado à vida dos alunos.
De acordo com a Secretaria Estadual de Educação, um dos estudantes teria comentado em um grupo no WhatsApp que planejava atos de violência na escola. As aulas foram retomadas nesta quinta. O autor das mensagens, diz a secretaria, está passando por problemas psicológicos e, por isso, deverá ficar um tempo sem frequentar o colégio.
A tentativa de atentado ocorre em meio ao crescimento de atos violentos nas escolas do País. Um ataque executado na última segunda-feira na Escola Estadual Thomazia Montoro, zona sul de São Paulo, deixou uma professora morta e cinco feridos.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Governo Lula quer adiar debate sobre rito das MPs para focar em 4 medidas urgentes
Por CartaCapital
Haddad anuncia a nova regra fiscal nesta quinta-feira
Por CartaCapital