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Venezuela declara premiê de Trinidad e Tobago persona non grata após exercício militar com os EUA
Um navio americano está desde o domingo atracado no País vizinho da Venezuela para exercícios
O Parlamento da Venezuela declarou, nesta terça-feira 28, a primeira-ministra de Trinidad e Tobago persona non grata por seu apoio às manobras militares dos Estados Unidos no Caribe que, segundo o chavismo, buscam derrubar o presidente Nicolás Maduro.
O presidente da Assembleia Nacional, Jorge Rodríguez, chamou de “lixo” a chefe de Estado trinitina, Kamla Persad-Bissessar, aliada de Washington.
“Essa senhora está permitindo que Trinidad e Tobago seja usado como um porta-aviões contra a Venezuela e nós vamos agir de todas as formas possíveis para que a Venezuela seja respeitada”, disse Rodríguez antes da aprovação da declaração por unanimidade.
Um navio americano está desde o domingo atracado em Port of Spain para exercícios conjuntos com as forças trinitinas.
A embarcação integra a frota enviada desde agosto para operações contra o narcotráfico na região, que até agora levaram ao bombardeio de 14 supostas lanchas do narcotráfico, com um balanço de pelo menos 57 mortos no Caribe e no Pacífico.
Persad-Bissessar respondeu com ironia à ameaça: “Milhões de venezuelanos estão fugindo da Venezuela, então por que acham que eu gostaria de ir para lá?”, declarou, em mensagem à AFP.
“Os navios de guerra que participam dos exercícios de interdição de drogas são propriedade dos Estados Unidos. Por que Maduro e o restante do governo venezuelano não mencionam o presidente Trump? Por que não o declaram persona non grata?”, questionou a premier.
Na segunda-feira, Maduro suspendeu um acordo gasífero assinado com o arquipélago em 2015. O Parlamento também apoiou esta decisão de forma unânime.
A suspensão impacta o projeto Dragão, em águas venezuelanas, perto da fronteira entre os dois países.
O campo tem 120 bilhões de metros cúbicos de gás. Sua exploração tinha acabado de ser retomada, depois de ter sido suspensa em abril por ordem dos Estados Unidos, que impuseram um embargo petroleiro à Venezuela e emitem as permissões para que as petroleiras possam operar.
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