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Varíola do macaco: pacientes podem transmitir doença por quatro semanas, diz especialista

Pessoas com a enfermidade são contagiosas enquanto apresentam sintomas, geralmente erupções cutâneas ou lesões na pele

Foto: Johannes EISELE/AFP Foto: Johannes EISELE/AFP
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Pacientes com varíola do macaco podem transmitir a doença por até quatro semanas após o aparecimento dos sintomas. Amesh Adalja, especialista em doenças infecciosas da Universidade John Hopkins, fez o alerta em uma entrevista publicada hoje no jornal britânico Daily Mail.

Segundo ele, as pessoas que contraem o vírus inicialmente sofrem de febre antes que as erupções cutâneas e lesões de pele apareçam no rosto e no corpo. O vírus pode então ser transmitido através do toque nas áreas afetadas, fluidos corporais ou por meio de gotículas expelidas na tosse e espirros.

O longo período infeccioso de um mês aumenta a probabilidade de o vírus ser transmitido por pacientes infectados.

A cada dia um número maior de países confirma casos da varíola do macaco (monkeypox, em inglês). Desde o dia 7 de maio, quando o primeiro paciente foi diagnosticado no Reino Unido, já são mais de 100 registros, em 12 países, de três continentes. A doença é endêmica na África e embora o primeiro caso tenha ocorrido em uma pessoa que retornou de viagem da Nigéria, a maioria não tem associação com a passagem por locais de transmissão da doença. Isso, além de intrigar especialistas, levanta o questionamento sobre o risco da varíola do macaco chegar ao Brasil.

O médico Salmo Raskin, geneticista e diretor do Laboratório Genetika, em Curitiba, avalia que há sim risco da doença chegar ao país. Em um mundo globalizado, isso é perfeitamente possível, basta lembrar o caso da própria Covid-19 e também da hepatite misteriosa em crianças, doença com diversos casos em investigação pelo Ministério da Saúde.

— Ainda não tem nenhum caso na América Latina, mas não há nada que impeça o vírus de vir para cá. Até porque não estamos entendendo por que isso está acontecendo simultaneamente em vários lugares do mundo. Lembra muito a questão da hepatite de causa desconhecida, que demorou, mas já tem casos suspeitos no país — diz o médico.

Diante desse risco, ele acredita que seria prudente colocar em prática um sistema de vigilância, semelhante ao que foi organizado pelo Ministério da Saúde para monitorar os casos suspeitos de hepatite em crianças.

— Essa é uma doença desconhecido no Brasil. Os sinais são parecidos com o da varíola humana, mas temos uma geração de médicos que também não conhece a varíola. Então é preciso alertar a comunidade médica sobre os sintomas dessa doença, para que eles saibam reconhecer se aparecer algum caso — ressalta Raskin.
Embora seja uma doença infecciosa e transmissível, a varíola dos macacos é rara fora de partes da África onde o vírus é endêmico. A transmissão normalmente acontece do animal para a pessoa em florestas da África Central e Ocidental. Casos de contágio entre seres humanos podem acontecer, mas são mais raros, aponta a Organização Mundial de Saúde (OMS).

A transmissão entre humanos se dá pelo contato com lesões, fluidos corporais, compartilhamento de materiais contaminados e vias respiratórias. Em todos os países onde foram detectadas, as infecções foram predominantemente entre homens que se identificam como gays, bissexuais ou homens que fazem sexo com homens (HSH).

Ainda não se sabe o que gerou esse surto da doença em vários países. Raskin suspeita que tanto a disseminação inédita da varíola dos macacos quanto a hepatite em crianças possa estar relacionada a alguma alteração no sistema imunológico da população ocasionada nesses últimos dois anos de pandemia.

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