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Uma epifania com 250 obras

A Arte de Amar, a Arte de Resistir, em cartaz no Paço Imperial, no Rio, revisita a grandeza de Maria bonomi

Uma epifania com 250 obras
Uma epifania com 250 obras
Impacto visual. Amor Inscrito é uma das obras presentes na retrospectiva que celebra os 90 anos da artista, um dos grandes expoentes da gravura no Brasil – Imagem: Rômulo Fialdini
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No ano em que a artista plástica Maria Bonomi completa 90 anos, somos presenteados com a retrospectiva A Arte de Amar, a Arte de Resistir, em cartaz no Paço Imperial, no Rio de Janeiro, até 16 de novembro.

A curadoria é de Paulo Herkenhoff e Maria Helena Peres Oliveira, companheira de vida da artista, homenageada com obras de uma força extraordinária na Sala 10, chamada Eros e Civilização.

Gravadora, escultora, pintora, muralista, curadora, figurinista, cenógrafa e professora, Maria Bonomi é, entre os artistas brasileiros vivos, um dos nomes mais representativos do gênio que explodiu sem limites ao Sul do Equador, neste país chamado Brasil.

No Paço, cada uma das 11 salas da exposição é um deslumbramento de cores e formas. Em diversos trabalhos, Maria propõe uma interação com o visitante, que pode tocar, experimentar texturas e agir sobre a obra.

Dentre os 250 trabalhos está uma de suas mais recentes obras de caráter político: Réquiem para os Tombados da ­Covid–19 (2021).

O engajamento político da artista foi revelado, no início dos anos 1970, com ­Balada do Terror, feita para homenagear Dulce Maia e todos os torturados pela ditadura brasileira. É difícil ficar indiferente a essa obra e a outras do mesmo período – quando ela própria foi presa por assumir posição contra a censura e denunciar a tortura.

No Paço, a sala toda vermelha com a obra Super Quadrante (Amor Inscrito) tem um grande impacto visual e remete a Desvio para o Vermelho, de Cildo Meireles, que está em Inhotim (MG).

Vanguardista da gravura brasileira, além de escultora e muralista, Maria Bonomi é uma artista premiadíssima no Brasil e em diversos países, como a França, onde recebeu o prêmio de Gravura na Bienal de Paris de 1967. Ela participou de nove edições da Bienal de São Paulo e de duas edições da Bienal de Veneza.

Ao se tornar aluna de Lívio Abramo, em 1954, Maria Bonomi descobriu sua verdadeira paixão: a gravura. Essa escolha a levou a ilustrar livros de Hilda Hilst, Cecília Meireles e Sérgio Buarque de Holanda, entre outros. A técnica está, obviamente, muito bem representada no Paço.

A Arte de Amar, a Arte de Resistir mostra ainda, em fotos, a obra de Maria ­Bonomi em murais de arte pública, como aquele de mais de 70 metros de comprimento na Estação da Luz, em São Paulo, e a belíssima instalação feita para o Memorial da América Latina, a convite de Oscar Niemeyer. •

Publicado na edição n° 1384 de CartaCapital, em 22 de outubro de 2025.

Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título ‘Uma epifania com 250 obras’

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