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Seleção Brasileira/ Sentença leve

Ancelotti é condenado por fraude fiscal na Espanha, mas se livra da prisão

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“Nunca percebi que algo estava errado”, esquivou-se no julgamento – Imagem: Rafael Ribeiro/CBF
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O técnico da Seleção Brasileira, Carlo Ancelotti, foi condenado a um ano de prisão na Espanha por fraude fiscal, informou a Justiça espanhola na quarta-feira 9. A pena, por ser inferior a dois anos, não exige cumprimento em regime fechado. A CartaCapital, a CBF informou que acompanha o caso, embora o processo seja conduzido pela equipe jurídica pessoal de Ancelotti.

Segundo a sentença, o italiano tinha “conhecimento claro do dever tributário derivado de sua residência fiscal na Espanha em 2014” e demonstrou “intenção consciente de evitar o pagamento de impostos”. Ele foi, no entanto, absolvido das acusações referentes ao ano de 2015.

A promotoria havia pedido quatro anos e nove meses de prisão, alegando que Ancelotti sonegou mais de 1 milhão de euros (cerca de 6,3 milhões de reais) em direitos de imagem, durante sua primeira passagem pelo Real Madrid (2013–2015). No julgamento, em abril, Ancelotti disse que nunca teve intenção de lesar o Erário: “Só me preocupava em receber o salário líquido de 6 milhões por três anos, e nunca percebi que algo estava errado, nem recebi notificação alguma de que o Ministério Público estava me investigando”.

Corredor bioceânico

O governo Lula oficializou, na segunda-feira 7, uma parceria com a China para viabilizar um dos maiores projetos logísticos da América do Sul: uma ferrovia de 4,5 mil quilômetros, ligando os oceanos Atlântico e Pacífico. O acordo foi assinado entre a Infra S.A., estatal brasileira vinculada ao Ministério dos Transportes, e o Instituto de Planejamento da China State Railway Group. A malha ferroviária partirá do Porto de Chancay, no Peru, e seguirá por Cusco e Pucallpa até o Acre. No Brasil, cruzará de Rio Branco (AC) a Porto Velho (RO), chegando a Lucas do Rio Verde (MT), onde se integrará ao Corredor Leste–Oeste (Fico–Fiol), que termina no porto de Ilhéus (BA). Esse trecho ainda está em obras ou em fase de estudos, com leilão previsto para 2026.

Ceará/ Emendas para abastecer campanhas

PF aponta Júnior Mano como líder de esquema de desvios no estado

O deputado nega participação nos processos licitatórios sob suspeita – Imagem: Billy Boss/Agência Câmara

A Polícia Federal deflagrou, na terça-feira 8, uma operação para investigar desvios de emendas parlamentares e fraudes em licitações no Ceará. Apontado como líder do esquema, o deputado federal Júnior Mano, do PSB, foi alvo de mandados de busca no gabinete e em sua residência em Brasília. Os investigadores também rea­lizaram diligências nas cidades de Fortaleza, Nova Russas, ­Eusébio, Canindé e Baixio. As ordens foram autorizadas pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal.

Sob sigilo, a investigação apura suspeitas de organização criminosa, captação ilícita de sufrágio, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica com fins eleitorais. Segundo a PF, o grupo teria desviado verbas públicas e manipulado licitações para beneficiar empresas ligadas ao esquema. A suspeita é de que os contratos tenham sido usados para financiamento ilegal de campanhas nas eleições de 2024. Nova Russas, administrada por ­Giordanna Mano (PRD), esposa do deputado, foi a que mais recebeu recursos de emendas indicadas por Júnior Mano: 4,4 milhões de reais desde 2021. Em nota, o parlamentar negou ter “qualquer participação em processos licitatórios, ordenação de despesas ou fiscalização de contratos administrativos”.

São Paulo/ Mais um “erro de avaliação”

PM mata por engano trabalhador negro que corria para pegar o ônibus

Na mochila do “suspeito”, a marmita e uma Bíblia – Imagem: Redes Sociais

“Dia concluído”, escreveu Guilherme Ferreira, de 26 anos, ao postar a foto do relógio de ponto da fábrica onde trabalhava, na capital paulista, na noite da sexta-feira 4. O marceneiro saiu às 22h28. Menos de dez minutos depois, estava morto, executado com um tiro na cabeça por um policial militar à paisana. Seu “crime”? Ser negro e correr em direção ao ponto de ônibus. O agente havia acabado de reagir a uma tentativa de assalto e considerou o gesto suspeito. Colega da vítima, Deillan Oliveira, de 21 anos, correu para socorrê-lo e acabou detido como suspeito de participação no roubo. Foi algemado e imobilizado no asfalto por horas.

No Distrito Policial, demorou para o delegado se convencer de que Ferreira era a “vítima”, não um “envolvido” na ocorrência. Só após vistoriar a mochila do trabalhador – com uma marmita e uma Bíblia – e verificar o registro de ponto, decidiu autuar o cabo Fábio ­Anderson Pereira de Almeida, autor do disparo, por homicídio culposo, às 14h52 do dia seguinte. O PM pagou fiança de 6,5 mil reais e foi liberado.

De forma protocolar, a Secretaria de Segurança Pública disse que “não compactua com excessos”. Já o coronel Emerson Massera, porta-voz da PM, lamentou o “erro de avaliação” do colega de farda. Sob a gestão de Tarcísio de Freitas, São Paulo registrou alta de 61% nas mortes por intervenção policial no ano passado, segundo o Mapa da Segurança Pública, divulgado em junho pelo Ministério da Justiça.

A busca prossegue

A organização Avós da Praça de Maio anunciou, na segunda-feira 7, o encontro do 140º neto sequestrado pela ditadura argentina (1976–1983). Trata-se de um homem nascido em 17 de abril de 1977 no centro clandestino La Escuelita, na cidade de Bahía Blanca, a 630 quilômetros da capital. Ele é filho dos militantes Graciela Alicia Romero e Raúl Eugenio Metz, desaparecidos desde o período autoritário. A criança nasceu no cativeiro, na província de Neuquén. Em nota, a entidade celebrou mais um capítulo da luta de 47 anos por memória e justiça: “Nossos netos estão entre nós. O apoio da sociedade mostra que essa busca não pode ser solitária”.

Manaus/ Ataque homofóbico

Adolescente morre após ser espancado por grupo de jovens

Fernando Silva sofreu hemorragia intracraniana e edema cerebral – Imagem: Redes Sociais

A Polícia Civil do Amazonas apreendeu, na quarta-feira 9, um adolescente de 16 anos envolvido nas agressões que levaram à morte de Fernando Vilaça da Silva, de 17 anos. Um segundo suspeito, de 17 anos, segue foragido. O crime ocorreu no sábado 5, no bairro Gilberto Mestrinho, Zona Leste de Manaus, após Fernando reagir a ofensas homofóbicas.

De acordo com familiares, ele havia saído de casa para comprar pão e foi atacado por um grupo de adolescentes que participava de uma confraternização. Câmeras registraram a fuga dos agressores. Fernando sofreu traumatismo craniano, hemorragia intracraniana e edema cerebral. Morreu na segunda-feira 7, após três dias internado em estado grave.

O delegado-geral-adjunto da Polícia Civil do Amazonas, Guilherme Torres, disse que a vítima já sofria injúrias homofóbicas e que o adolescente foragido, responsável pelo golpe fatal, havia sido expulso da escola por má conduta. O Ministério dos Direitos Humanos condenou o crime, que pode ser enquadrado como homicídio qualificado e LGBTQIA+fobia, reconhecida como forma de racismo pelo Supremo Tribunal Federal em 2019.

Publicado na edição n° 1370 de CartaCapital, em 16 de jukho de 2025.

Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título ‘A Semana’

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