Rede de mentiras

A afronta de Elon Musk à Justiça brasileira é parte da estratégia global da extrema-direita

Musk esperava lucrar muito com a reeleição de Bolsonaro – Imagem: Clauber Cléber Caetano/PR

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Três dias após Jair Bolsonaro perder a eleição de 2022, seu então vice-presidente e hoje senador, general ­Hamilton Mourão, escreveu no ­Twitter, rede social rebatizada de X: “Agora querem que as Forças Armadas deem um golpe e coloquem o País numa situação difícil perante a comunidade internacional”. O capitão passou aquele mês de novembro trancado no Palácio da Alvorada a tramar contra a derrota. Um decreto presidencial golpista não vingou em boa medida pelo que estava nas entrelinhas do comentário de Mourão: falta de apoio externo, em especial dos Estados Unidos. E se o mandatário norte-americano fosse Donald Trump e não Joe Biden? E se Trump voltar à Casa Branca em 2025? Esse cenário explica a razão de o bolsonarismo jogar as fichas no tabuleiro internacional para tentar salvar o ex-presidente de um acerto de contas com a Justiça. Eis como entram em cena o bilionário sul-africano Elon Musk e seu ex-Twitter, aliados na guerra contra o Judiciário brasileiro e movidos por interesses econômicos particulares.

Nos últimos dias, Musk colocou sua rede social a serviço de Bolsonaro contra o Supremo Tribunal Federal e, particularmente, o juiz Alexandre de Moraes, relator de vários inquéritos policiais que alcançam o ex-presidente. De certa forma, seguiu um apelo público feito em fevereiro pelo deputado Eduardo Bolsonaro durante um encontro reacionário periódico nos EUA, a Conferência de Ação Política Conservadora. “Relatem o que está acontecendo no Brasil. Amanhã, teremos um milhão de pessoas nas ruas de São Paulo em apoio ao presidente Bolsonaro. Façam com que essas imagens circulem pelo mundo. Congressistas americanos (sic), pedimos uma audiência em seu Congresso. Vocês são os líderes do mundo livre. Ajudem-nos a expor esta tirania.”

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3 comentários

CESAR AUGUSTO HULSENDEGER 12 de abril de 2024 20h54
Um novo Daniel Ludwig aportando no Brasil?
MARCOS LEITE DOS SANTOS 14 de abril de 2024 17h44
oi tia. veja uma leitura diferente. leia com atenção. não é para te convencer de nada. apenas para ver que há análises diferenciadas do mesmo assunto. para tomarmos nossa própria opinião devemos ver e analisar todos os lados. se não concordar com nada pelo menos vai entender como eu penso. OK
PAULO SERGIO CORDEIRO SANTOS 16 de abril de 2024 03h28
O bilionário Elon Musk não passa de um alienado que não tem conhecimento histórico e político do Brasil para não dizer de outras partes do mundo. Ele não passa de um propagador de Fake News para satisfazer o ego dos que torcem contra o governo Lula e dos que não simpatizam com governos democráticos. E todo aquele que tem consciência e vergonha é importante que cancele a conta do ex-Twitter ou X e se migre para outra plataforma, do Sr. Elon Musk a fim de não mais monetizar a conta da plataforma do bilionário que ganhou dinheiro pela fortuna que herdou e às custas dos incautos, por pura esperteza. Por trás da “ideologia” do bilionário existem interesses escusos de enriquecimento. Para Musk não interessa a desigualdade econômica e social no mundo e sim a concentração de renda, desde que sua renda esteja mais concentrada. É fato que toda a extrema direita está interessada nas peraltices do Sr. Musk ou Mister X visto que ele tem interesse que a extrema direita assuma o poder no maior número de países possíveis. Visto que Javier Milei é um seu aliado e pode fornecer-lhe matéria prima como o lítio e mão de obra barata. A reeleição de Trump é estratégica para os planos de Mister X, além da preservação da extrema direita no Brasil, inclusive que Bolsonaro não seja preso pelos crimes que cometeu. Arthur Lira articulou o adiamento da votação da Lei de regulação e Lei das Fake News retirando a relatoria do ministro Orlando Silva visando apoio para o seu sucessor. Toda essa articulação visando aumentar o poder da extrema direita no Brasil.

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