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Os 41 anos da triunfante Revolução Islâmica no Irã

A revolução que derrubou o regime de dinastias monárquicas há 41 anos foi um triunfo das massas

O Irã comemora a Revolução Islâmica (Foto: AFP) O Irã comemora os 40 anos da Revolução Islâmica (Foto: AFP)
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Relembrando a Revolução Islâmica, que demonstrou historicamente que os governos agentes do Imperialismo não emanam da vontade popular e que mais cedo ou mais tarde se encontram em rota de colisão com ela.

A Revolução Islâmica de 1979 no Irã é fruto não apenas do ascenso revolucionário histórico do século 20, mas de antecedentes políticos, filosóficos e espirituais que ganharam a consciência das massas iranianas a assumirem um programa revolucionário anti-imperialista baseado em uma ideia de governo islâmico.

O Irã era governado por uma dinastia monárquica. Em 1905 a 1911, houve a revolução constitucional e em 1906 surge uma Constituição Persa, que estabelece uma lei que coloca condições para que a monarquia governe.

Em 1924, a dinastia Qajar rompe com a constituição e bombardeia o parlamento com o apoio dos ingleses. O Sha Pahlevi, Reza que governou de 1925 a 1941, passa o governo a seu filho Mohammad Reza, que passou a esbanjar dinheiro em festas com a burguesia ocidental enquanto o povo vivia na pobreza e analfabetismo. Ele também era conhecido como corrupto e usava da tirania para calar seus opositores. Sua impopularidade crescia principalmente entre os mais pobres que eram também os mais religiosos e se encontravam nas mesquitas e organizados na forma de comitês populares nos modelos parecidos com os soviets e contra as políticas do Sha, escutando os discursos de líderes religiosos que já haviam lutado contra as dinastias, se organizam junto à escola filosófica de pensamento shiita, que já era um movimento de 300 anos, de tradição dos Imames.

Os muçulmanos persas, em sua maioria shiitas, se reuniam nas mesquitas para se organizarem e em seus sermões, nas sextas-feiras, em manifestações, na universidade de Qon e chamam as massas a impor condições aos governantes para que governem. Estes sábios jurisprudentes possuíam uma visão filosófica, gnóstica e de interpretação do Alcorão, unificadas a jurisprudência e um projeto de governo baseado nestes valores. Diferente da interpretação que era feita da escritura sagrada de maneira bruta com fins de legislar sem justiça. Os mulas ou sábios da linha de pensamento que dava um sabor de razão às leis islâmicas, apoiado pelo povo, conseguiu impor condições à monarquia para que governasse, mas a monarquia por sua vez sabotava todos os pactos que fazia com o povo por que de fato o sha era um vassalo dos americanos apoiado pela CIA.

Os iranianos veem então que de nada serve delegar poder mediante pactos pois esses são sempre traídos pelas monarquias em decadência.

Essas eram as ideias de um dos mais respeitados sábios gnóstico e jurisprudente shiita no exílio, o Hayatolah Ruhul-lah Al Musawi Khomeini.

As sucessivas lutas, greves e movimentos de estudantes no Irã se levantavam contra a pobreza e analfabetismo que o povo persa era submetido, enquanto a monarquia vivia em palácios suntuosos.

O Savak, serviço secreto ligado ao Sha, impunha a censura, prisão, tortura e assassinato dos que se opunham ao regime e reprimia com violência os protestos.

Em 1978 aconteceu o que ficou conhecido como sexta-feira negra, quando o exército matou mais de 90 pessoas opositoras ao regime. Em dezembro deste mesmo ano, mais de 2 milhões de pessoas tomaram as ruas em Tehran e as massas ganharam o exército que passou para o lado do povo.

Khomeini regressa do exílio e vem como o grande líder desta revolução, mas ele teve a política de capacitar quadros com ele. Todos beberam das fontes de pensadores como Mula Sadra, que ajudaram a unificar a filosofia com a jurisprudência e defendiam um governo islâmico.

Ao regressar do exílio, o Hayatolah Khomeini seria o grande líder desta revolução popular que formou e experimentou homens e quadros do quilate de um Syed Ali Kamanei, um  Mutahari ou um Mutazarin, muitos destes quadros capacitados por Khomeini e muitos outros que acabaram martirizados neste movimento.

Khomeini dizia que a Revolução Islâmica deveria ser de massas e deveria ter 5 pontos fundamentais: ser contra a monarquia e a tirania, ser anticolonialista, ser antissionista, lutar contra a América do Norte e ser independente.

A revolução triunfante da República Islâmica contou com três fatores para seu triunfo: uma ideologia, uma liderança e adesão das massas. Sem o despertar das massas não há revolução nem permanência dela.

A revolução que derrubou o regime de dinastias monárquicas, que durou cerca de 2.500 anos, expulsou os representantes dos interesses britânicos e americanos do Irã. Foi um triunfo das massas.

A revolução foi fazendo as experiências que fazem as jovens revoluções, tendo enfrentado duras batalhas, como os comandos Carter, a guerra de 8 anos, a guerra contra Sadan (agente da CIA), a infiltração de movimentos pró americanos e sionistas os recentes atentados contra o país, o parlamento e a guarda revolucionária.

O país se desenvolveu e tem nestes 41 anos indústria e tecnologia de ponta e um papel destacado na posição social das mulheres que ocupam as universidades, o parlamento, a política, as artes e as ciências do Irã.

Tem consequentemente respondido à altura cada ataque inimigo contra a República Islâmica e seus líderes ou sua guarda revolucionária.

Tem a honra de ter grandes mártires que dedicaram suas vidas a este ideal que esta além de nós mesmos, e que se autoalimenta de suas lições históricas repletas de lembranças revolucionárias de trincheira.

Até mesmo as mulheres e os anciãos pegaram em armas espontaneamente e crianças fugiram de casa para se juntar a seus pais nos fronts.

A República Islâmica se manteve combativa e forte, construiu uma sólida e respeitada guarda revolucionaria para defender sua revolução que foi fruto da vontade popular e até hoje é vista e respeitada como um dos grandes países que lutam contra o imperialismo e os desmandos das potencias capitalistas e presta solidariedade aos países que também sofrem opressão e ameaças.​

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