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Ômicron: subvariantes BA.4 e BA.5 geram temores de nova onda de Covid

No Brasil, a proporção de casos prováveis das sublinhagens passaram de 10,4% para 44% em quatro semanas

Foto: Carol Garcia/GOVBA
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Duas novas subvariantes da família Ômicron parecem ser as culpadas — juntamente com o relaxamento das medidas de controle sanitário — pelo aumento das infecções por coronavírus em vários países. Dominantes na África do Sul e em Portugal, as mutações BA.4 e BA.5 causam incerteza diante da iminência de uma nova onda de Covid-19 nos próximos meses.

No Brasil, a proporção de casos prováveis das subvariantes BA.4 e BA.5 da Ômicron passaram de 10,4% para 44% em quatro semanas, reflexo da rápida disseminação do vírus, mostra análise do Instituto Todos pela Saúde (ITpS) feita com dados da Dasa e DB Molecular.

Identificadas no início de abril por pesquisadores em Botsuana e África do Sul, essas novas subvariantes da Ômicron provavelmente surgiram entre meados de dezembro e início de janeiro. Depois de se tornarem predominantes entre os novos casos na África do Sul e em Portugal, agora lideram as novas ondas da pandemia.

Na África do Sul, “onde BA.4 e BA.5 foram detectados pela primeira vez, sendo BA.5 a mais presente no momento, o pico da pandemia terminou em meados de maio e seu impacto foi moderado. BA.5 é a predominante em Portugal, país onde a incidência está aumentando, embora em níveis mais baixos, por enquanto, do que durante a onda anterior”, explicou a Agência Francesa de Saúde Pública na sexta-feira.

O aumento de infecções também ameaça outros países. Segundo o ITpS, foi visto nas últimas semanas que a prevalência de casos prováveis das subvariantes BA.4 e BA.5 da Ômicron vem aumentando de forma rápida no Brasil, fato que explica o recente e forte aumento na positividade de testes. A análise aponta que há casos prováveis da BA.4 e BA.5 em pelo menos 118 municípios de 12 estados, além do Distrito Federal.

Na Europa, casos de BA.4 e BA.5 também são cada vez mais frequentes na França, devendo superar a BA.2, majoritária desde o início do ano. A agência de saúde francesa confirmou a aceleração de casos em seus últimos números semanais, bem como o aumento dessas duas subvariantes.
A situação é semelhante à vivida na Alemanha e no Reino Unido. Segundo vários especialistas, o fim das medidas de controle sanitário favorece esse aumento de infecções.

Eles são mais contagiosas?
As duas subvariantes parecem se espalhar ainda mais rápido do que as mutações anteriores da Ômicron.
“A BA.4 e a BA.5 podem se espalhar mais rápido que a BA.2 devido a uma dupla vantagem: seu fator de contágio e a queda na proteção imunológica”, explica Mircea Sofonea, professor da Universidade de Montpellier, na França.

Elas são mais perigosas?
Até agora, não há sinais de alerta de que a BA.4 e a BA.5 sejam mais graves do que as subvariantes anteriores da Ômicron, dizem vários cientistas. Mas, “ainda é cedo para saber”, esclarece Mircea Sofonea, professor da Universidade de Montpellier, na França.

No entanto, o que se viu na África do Sul e em Portugal faz alguns especialistas pensarem que os riscos de hospitalização e morte são menores.

“Na África do Sul, a onda de BA.4 e 5 não se traduziu em mais hospitalizações e mortes, porque havia mais imunidade na população”, escreveu, no Twitter, Tulio de Oliveira, virologista da Universidade de Kwazulu-Natal, na África do Sul, onde a variante Ômicron foi detectada em novembro de 2021. — Mas não sabemos os efeitos a longo prazo.

A presença de BA.2 em um país “poderia dar maior proteção contra BA.4 e BA.5”, já que “são geneticamente próximos”, disse a Agência Francesa de Saúde Pública em maio. Embora isso seja algo que ainda não foi confirmado.

De qualquer forma, a proteção imunológica diminui com o tempo.
“Embora a proteção proporcionada pela infecção por Ômicron ou pela terceira dose da vacina continue sendo importante cinco meses depois, especialmente contra as formas graves, ela diminui contra qualquer infecção”, destacou Sofonea.

Vários países, incluindo o Brasil, já recomendam uma quarta dose para as pessoas mais vulneráveis. E, embora não seja obrigatório, vários especialistas continuam recomendando o uso de máscaras em diferentes situações, e ventilar os espaços.

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