CartaCapital
O otimismo e a luz da razão
Remetemos esta Carta ao coração do poder porque confiamos no País e em nós mesmos


Esta revista, que chega pela primeira vez às suas mãos, é uma prova de otimismo. Belo pendor do espírito, fruto perfumado das seivas vitais, o otimismo, não sendo aquele dos profissionais da má-fé e de quem se deixa enganar por excesso de fé oposta. Os espertos semeiam otimismo para colher a resignação dos ingênuos.
Impecável é o otimismo, sempre que, aplicado à nação, não se aventure a dispensar o ceticismo exigido pelo exercício da inteligência, como recomendava o pensador italiano Antonio Gramsci. A situação ideal fulgura, de todo modo, naqueles momentos em que o otimismo não resulta de emoção passageira, que não se confunde com a intrepidez física, propiciada pela adrenalina, e sim é fruto de convicções construídas à luz da razão. É a aspiração legítima que move o cidadão consciente, em busca da verdade, a planejar o salto que o fará abandonar as cavernas do autoritarismo.
CartaCapital nasce como símbolo dessa aspiração, por acreditar no poder da verdade. A Carta Editorial que a animará será rigorosamente fiel aos fatos, suas análises fundadas em evidências, suas avaliações marcadas pela paixão da justiça, jamais pela complacência. Não desconhecemos as dificuldades a enfrentar. O Brasil é o país da Casa-Grande & Senzala, das armadilhas criadas pelos senhores do poder e por seus inevitáveis continuadores, cujos filhos e netos ainda hoje, em muitas cidades de grande e pequeno porte e em escala federal, estadual ou municipal, entre governantes e governados, aos mais diversos níveis, decidem os destinos da comunidade. Aqueles que teriam de dar o exemplo ao escolher as melhores rotas com os olhos voltados para os interesses da sociedade toda.
CartaCapital, revista de Economia, Negócios, Política e Comportamento, pretende trazer mensalmente a retrato do poder através dos seus mais variados e por vezes intérpretes. Nem triunfalista, nem derrotista. Justo, entretanto, o propósito de um mundo equilibrado, adorando nosso humanismo, longe do economicismo aviltante.
Os que meditam entre a responsabilidade ética e as ilusões da glória fugaz, todos nós, com as armas da inteligência corporativa, e com os limites que elas impõem, enfrentaremos com vigor as ciladas narcísicas ou curtidas em ideologias passadas.
Gostaríamos que todos os cidadãos brasileiros pudessem compartilhar do nosso ideal, sendo que, por sua própria natureza, esta revista se dirige aos que decidem, que, entre nós, sempre foram e continuam a ser escassos. Acontece, porém, que os poucos a que aludimos detêm o poder e podem mudar o país, desde que enfrentem as dificuldades e os perigos, desde que acreditem em valores que transcendem as limitações da matéria. CartaCapital se dirige, pois, a uma minoria poderosa, em última análise porque influente, cujos membros encontrarão aqui um veículo para a sua voz, e ao mesmo tempo um guia seguro em direção ao futuro. A CartaCapital se define por uma meta ambiciosa, enquanto outras se limitam a apontar a meta inatingível.
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Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
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