CartaCapital
Napoleão perdeu a guerra
Em luta contra a camisa de força no tornozelo, líder da facção Bolsonaro revela-se um soldador de quinta, apesar de curso superior em ferro de solda
Olá, estas são as NOTÍCIAS DO HOSPÍCIO!, o semanário de bordo da nossa viagem na maionese, com os flatos que foram notícia no Brasil e no mundo!
E ATENÇÃO! PLANTÃO URGENTE! NAPOLEÃO DO HOSPÍCIO É PRESO NA PF DEPOIS DE VIOLAR CAMISA DE FORÇA USADA NO TORNOZELO. Jair, o líder da facção Famiglia Bolsonaro, valeu-se de um ferro de solda para tentar romper a estrutura. Seus neurônios prejudicados, no entanto, são incapazes de cumprir qualquer tarefa de forma satisfatória, e o alarme acabou por denunciá-lo. Em audiência de custódia, disse ter tido “ALUCINAÇÕES” e “CERTA PARANOIA”. E que teria feito CURSO DE SOLDADOR.
Deu-se a saber também que o Napoleão do Hospício desconfiou que sua camisa de força poderia estar GRAMPEADA, sendo capaz de ouvir vozes vindas de sua cabeça e de terceiros. Motivo pelo qual utilizou-se do curso superior, atacando o equipamento. E foi nessa incômoda posição que Napoleão perdeu a guerra.
Amantes da língua viram a oportunidade de esclarecer uma dúvida do português apenas superada pela humilhação da crase: no passado, Jair fora um MAU SOLDADO, expulso do Exército depois de executar de forma medíocre, naturalmente, um plano terrorista ao estilo Coiote e Piu-Piu. Agora, o lamentável estado do equipamento violado revela o quanto ele foi MAL SOLDADO, a sugerir muito mais uma Makita desgovernada do que um ferro de solda.
“DEUS ESCREVE CERTO POR LINHAS TORTAS” poderia ser o slogan do Jair soldador, caso tivesse seguido a carreira. Ou “CASA DE FERREIRO, ESPETO DE MAKITA”. Se depender do ofício para a remissão de sua pena, terminará por dobrá-la.
“NINGUÉM SOLDA A MÃO DE NINGUÉM!” O brado retumbou nas redes a partir do anúncio de que Napoleão perdera a guerra, e causou furdunço na ala manicomial bolsonarista, que já se encontra em vigília. Um dos internos, de Parauapebas, no Pará, ACORRENTOU-SE A UM VASO SANITÁRIO à beira de uma rodovia, e de lá só sairá quando vier a “liberdade para Bolsonaro”, o que de fato faz da privada um elemento essencial nos próximos 27 anos.
Com um plano menos elaborado, uma mulher amarrou-se em uma cadeira de bar na Avenida Paulista. “Ou solta meu capitão ou eu vou ficar amarrada aqui.” Tinha o rosto supostamente pintado como o de um palhaço e CABELOS DA EMÍLIA, do Sítio do Picapau Amarelo.
Na vigília organizada por Flávio Bolsonaro (PL-RJ), fica claro o papel de Napoleão na guerra: um display a ser reverenciado pelos adeptos da seita, feito de papelão. A Seita Que Dói Menos promove rodas de oração em frente à Polícia Federal, em Brasília. Um animado louvor agitou a micareta em uma espécie de pogo da melhor idade. Até o fechamento desta edição, no entanto, nenhum pneu havia aparecido para a homilia.
OUTRO LADO: “Sabe que dia é hoje?”, perguntou o senador Magno Malta (PL-ES) no dia do confinamento. “22. Sabe qual o número do Bolsonaro? 22. Lembra da multa do partido? 22 milhões. Ponto 9! 22 menos 9 dá 13! Alexandre de Moraes é um endemoniado. É só uma carcaça, lá dentro é uma entidade de alta patente.”
THAT’S ALL, FOLKS! Voltamos a qualquer momento com novas informações. NOTÍCIAS DO HOSPÍCIO nunca desliga, e a festa não tem hora para acabar! •
Jornalista, indicado ao Emmy Internacional com a série O Infiltrado. Autor dos livros O Atleticano Vai ao Paraíso e Bandido Raça Pura.
Publicado na edição n° 1390 de CartaCapital, em 03 de dezembro de 2025.
Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título ‘Napoleão perdeu a guerra’
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