Estas palavras se aplicam perfeitamente ao Brasil na atualidade, uma colônia de fato dos Estados Unidos da América.
Esperar benesses de um império, colocando-se em situação subordinada, não é ingenuidade, mas crime de lesa-pátria.
Atualmente, grande parte da população brasileira percebe que houve um golpe de estado em 2016, orquestrado pelos EUA.
Com efeito, a condução do principal instrumento do golpe, a Lava Jato, foi idealizada e executada pelos EUA: são muitas as provas.
Na verdade, a tese central daquela operação, de que a ausência de provas não implica inocência, é nítida criação do império, utilizada por ele, anteriormente, para a invasão do Iraque.
Em ambos os casos, a motivação principal foi a mesma: dar acesso aos EUA aos campos de petróleo, no Iraque e no Brasil.
Nesse sentido, vale citar, textualmente, as palavras do então Secretário de Estado para a Defesa, dos EUA, Donald Rumsfeld, sobre a ausência de provas de armas nucleares no Iraque, justificativa falsa para a operação de invasão daquele país pelo império: “A ausência de provas não é prova da ausência de armas de destruição em massa”.
A Lava Jato apenas cortou e colou…
Sobre países que se tornaram colônias, por golpes de estado do império, e as lutas de libertação que travaram para readquirir a soberania nacional, recomendo a leitura de “A impaciente paciência”, do Comandante da Revolução nicaraguense Tomás Borge.
A propósito, vale citar a acuidade de observação do autor, ao afirmar: “Sem ter o caráter oficial de colônia, a Nicarágua se convertera no que são todas as colônias: em cemitério e prostibulo”.
Sobre a luta anti-imperialista e de libertação, é interessante notar como os sandinistas também privilegiaram o caráter cultural da mesma.
A condução do principal instrumento do golpe, a Lava Jato, foi idealizada e executada pelos EUA: são muitas as provas
Destarte, fundaram, entre os secundaristas, em 1954, a revista Segovia: “Nas páginas de Segovia se alude, se sugere, se estimula a organização de pólos culturais que, por sua vez, dão alento à celebração de efemérides, visitas de conferencistas nacionais e estrangeiros. Fala-se de poesia, de ciências naturais; tem até um artigo sobre a gonorréia e outro sobre o desenvolvimento do capitalismo na Europa”.
Os primeiros sete números de Segovia foram dirigidos por Carlos Fonseca Amador, fundador da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN).
Sobre o contexto internacional, Tomás Borge esclarece: “Os estudos de secundária foram uma escola de formação. Na pobreza, na ditadura, no auge revolucionário da Guatemala, que provocou movimentos universitários anti-imperialistas…”.
Em 1961, Carlos Fonseca fundaria o Movimento Nova Nicaragua (MNN), antecessor da FSLN. Como um dos principais objetivos do MNN, segundo Tomás Borge, estava o enfrentamento “ao legalismo triste da esquerda tradicional”.
Inteligentemente, o MNN, sempre nas palavras de Tomás Borge, “adotou as reivindicações programáticas de Sandino e converteu-as em bandeira: a independência nacional, o combate à exploração da oligarquia, a unidade nacional e a unidade dos povos latino-americanos”.
Interessante notar que outdoor colocado recentemente na entrada de Ouro Preto também informa que Bolnonaro não é bem-vindo na cidade em que o Tiradentes lutou pela libertação do colonialismo.
Sobre o internacionalismo da juventude, vale citar comunicado das organizações estudantis nicaraguenses, do início da década de 60, a respeito da expulsão de diplomatas cubanos, o qual demonstra muita similitude, na subserviência, entre a Nicarágua de Somoza e o Brasil de Bolsonaro, mutatis mutandis, no trato com a Venezuela: “A expulsão dos diplomatas cubanos pelo regime tirânico dos Somoza na Nicarágua é uma clara advertência de que o imperialismo ianque acelera os planos de agressão contra Cuba e sua Revolução.
Os Somoza são os moços de estribo dos monopólios norte-americanos na área da América Central e é bem sabido que suas ações são ordenadas diretamente pelo Departamento de Estado em Washington. Atrás das provocações diplomáticas da tirania somozista sucedem-se frequentemente as agressões armadas na zona do Caribe”.
A nota otimista, em meio ao céu cinzento das queimadas na Amazônia e no Pantanal, fica por conta da vitória da Frente Ampla uruguaia para a intendência de Montevidéu e Canelones, entre outras.
Os ventos do Sul também poderão levar Manuela e Rossetto à prefeitura de Porto Alegre.
Seria mais uma bela primavera latino-americana.
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