Memória/ O futebol de luto

Morrem duas lendas, Zagallo e Beckenbauer

Estilos diferentes, dentro e fora de campo. Carreiras inigualáveis no esporte mais popular do planeta – Imagem: Antonio Scorza/AFP e Christof Stache/AFP

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Em um intervalo de 48 horas, ­duas lendas do futebol mundial penduraram de vez as chuteiras. Zagallo tinha 92 anos, Franz ­Beckenbauer, 78. Ao lado do francês Didier Deschamps, o brasileiro e o alemão formavam um trio singular no esporte mais popular do planeta, vencedores de Copas do Mundo tanto como jogadores quanto como treinadores. À beira do gramado e diante dos microfones, Zagallo era impulsivo, apaixonado, em contraste com sua personalidade dentro de campo, um ponta-esquerda disciplinado e aguerrido, “moderno” para seu tempo, que recompunha o setor defensivo e criava as condições para o brilho dos companheiros mais talentosos. Um carregador de piano, não por acaso chamado de “formiguinha”. Beckenbauer também era um jogador à frente do seu tempo, de porte imperial, apelidado de Kaiser, às vezes zagueiro, às vezes volante, líder nato, cabeça erguida, visão panorâmica, jogo limpo, da mesma linhagem de cavalheiros do porte de Ademir da Guia, Franco Baresi e ­Zinedine Zidane. Embora o futebol continue a evoluir e a encantar os fãs, a produzir máquinas de gols como Cristiano Ronaldo e Lionel Messi, Zagallo e Beckenbauer desfilaram pelos gramados em um momento glorioso, quando o esporte atingiu o estado da arte. Tão sublime quanto uma escultura de ­Michelangelo, tão surpreendente quanto uma peça de ­Shakespeare, tão dramático quanto uma tragédia grega. Zagallo, registre-se, continua a ser o único tetracampeão da história.

Cadeiras reocupadas

O futebol brasileiro começou 2024 sem treinador na Seleção e sem presidente na CBF. O cenário alterou-se rapidamente na última semana, mas o resultado não era bem o que os aficionados pelo esporte desejavam. Diante da recusa do técnico italiano Carlo Ancelotti, que preferiu renovar o contrato com o Real Madrid, o comando do time canarinho foi confiado a Dorival Júnior, que ajudou o São Paulo a conquistar o inédito título da Copa do Brasil em 2023. Quem esperava por renovação na CBF também deu com os burros n’água. Afastado do cargo por uma decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, o cartola baiano Ednaldo Rodrigues retornou à chefia da confederação por força de uma liminar concedida por Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal. O caso será analisado pelo plenário da Corte.

Governo/ Lewandowski na Justiça

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4 comentários

PAULO SERGIO CORDEIRO SANTOS 14 de janeiro de 2024 23h50
Memória/ o futebol de luto- No período da ditadura que viveu seus anos de chumbo em um país que tem o futebol como um de seus alicerces e referência, alguns profissionais da bola não escaparam da repressão, outros até fizeram coro a ela e a apoiaram explicitamente, como foi o caso de Zagallo, isso não tira os seus títulos e sua qualidade como jogador e técnico, mas fez dele um conservador , um alienado político, embora um apaixonado e vencedor da bola enquanto Franz Beckenbauer com seu estilo elegante, verdadeiro kaiser da bola e também vencedor em seu país. Todos os anos, todos os dias perdemos figuras impares que saem da vida e entram na história. Esses dois também fizeram história. Meus sinceros sentimentos a todos os fãs, amigos e familiares.
PAULO SERGIO CORDEIRO SANTOS 14 de janeiro de 2024 23h50
Governo/ Lewandowski na Justiça- O ex ministro do STF Ricardo Lewandowski, com inegável reputação e saber jurídico marcante, sendo ele, agora, ministro da Justiça irá impor sua respeitável biografia e autoridade perante a claque bolsonarista que pode diferenciar um pouco da de Flávio Dino, mas que terá um peso semelhante, diante de sua inteligência inaudita. Lewandowski será imparcial como todo ex magistrado, mas combativo e viril como todo representante dessa pasta deve atuar. Sua missão de combater o crime organizado e enfrentar o radicalismo da extrema direita deverá ter o rigor de sua competência como sempre teve como ministro da mais alta corte do país.
PAULO SERGIO CORDEIRO SANTOS 14 de janeiro de 2024 23h51
Terra Yanomâmi/ O MORTICÍNIO PERSISTE- O governo Lula terá um desafio para desfazer todo o genocídio e destruição que Bolsonaro causou a comunidade indígena Yanomâmi nos seus 4 anos de desgoverno. A Polícia Federal e as Forças Armadas deverão estar permanentemente presentes em solo desse grupo indígena, pois certamente, se persiste a violência por lá é porque o solo indígena tem a riqueza mineral aurífera e de pedras preciosas que fazem com que a criminalidade por lá não tenha sido debelada. Que seja necessário um posto permanente das forças armadas e das polícias a vigiar e combater o garimpo, os madeireiros e todo tipo de exploração que ocorreu nessas terras demarcadas.
PAULO SERGIO CORDEIRO SANTOS 14 de janeiro de 2024 23h52
Equador/ NA ROTA DOS CARTÉIS- Toda a violência que vimos e assistimos no Equador, um dos fatores causadores da eclosão do conflito é a privatização da segurança pública neste país. É evidente que quanto mais crime houver mais lucro e serviço terá para os empresários responsáveis pela segurança da região. E depois falam os neoliberais que as privatizações são a solução para os males do Estado. Importante que o Estado equatoriano reestatize o setor de segurança pública fazendo com que a segurança privada seja apenas o acessório não o principal meio de proteção a sociedade deste país. Que todos os países vizinhos sigam este receituário e não se deixem levar pelo canto da sereia dos neoliberalismo do Estado mínimo pois a fatura sairá cara depois.

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