CartaCapital

Ex-integrante do Vaticano é julgado por agressões sexuais na França

Luigi Ventura chegou a atuar como sacerdote na nunciatura do Brasil. Ele é acusado de abuso sexual por cinco homens

(Foto: REMY GABALDA / AFP)
Apoie Siga-nos no

O ex-núncio do Vaticano na França dom Luigi Ventura começa a ser julgado nesta terça-feira 10, em Paris, por supostamente ter agredido sexualmente cinco homens no exercício de suas funções diplomáticas, o que ele nega.

 

Este caso, que veio à tona em fevereiro de 2019, em meio à onda de escândalos sexuais na Igreja Católica, levou a Santa Sé a levantar a imunidade diplomática do ex-núncio apostólico de 75 anos, uma medida sem precedentes na história moderna da diplomacia do Vaticano.

O Ministério Público francês abriu uma investigação no início de 2019, depois que um funcionário da prefeitura de Paris, atualmente com 28 anos, denunciou que Ventura apalpou seu traseiro durante uma cerimônia na prefeitura.

Após esta primeira denúncia, quatro outros homens saíram do silêncio e denunciaram fatos semelhantes envolvendo o prelado italiano durante eventos públicos na França, entre janeiro de 2018 e fevereiro de 2019.

O Vaticano levantou sua imunidade diplomática em julho de 2019. “Monsenhor Ventura aguarda ansiosamente este julgamento para poder se explicar, para que se possa lançar luz sobre seu caso e para que sua inocência seja reconhecida”, disse sua advogada, Solange Doumic, à AFP.

Segundo a advogada, “ele próprio pediu o levantamento da imunidade diplomática para se explicar perante os tribunais”.

Os advogados das partes civis argumentam, porém, que o levantamento da imunidade foi fruto de uma “briga” dos demandantes.

Em fevereiro de 2019, três deles haviam solicitado publicamente ao chefe de Estado francês que atuasse nesse assunto. “Meu cliente espera que o tribunal o ouça e o reconheça como vítima”, disse Elise Arfi, advogada de Mathieu de La Souchère, que foi o primeiro a denunciar publicamente Ventura.

A advogada do segundo demandante, Benjamin, também afirma que “espera que a Justiça tenha coragem de dizer a verdade”. “Este é um julgamento histórico no sentido de que é a primeira vez que um diplomata tão alto na hierarquia da Santa Sé deve responder perante a Justiça francesa”, disse Jade Dousselin.

O crime de agressão sexual pode ser punido com pena máxima de cinco anos de prisão e multa de 75.000 euros (US$ 89.000) na França.

Luigi Ventura atuava como representante diplomático da Santa Sé na França desde 2009. Antes disso, foi sacerdote na nunciatura do Brasil, Bolívia e Reino Unido. Depois disso, foi nomeado secretário de Estado em Roma. Mais tarde, atuou como núncio apostólico na Costa do Marfim, Burkina Faso, Níger e Chile.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo