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Em tom professoral, Ciro Nogueira faz live com apresentação de PowerPoint contra PT

A exemplo de Bolsonaro, ministro da Casa Civil promete fazer transmissão ao vivo semanalmente

O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, em live.
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Seguindo o exemplo do presidente Jair Bolsonaro (PL), o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), iniciou neste sábado suas transmissões ao vivo por meio das redes sociais, o que disse pretender fazer semanalmente. Assim como o chefe do Palácio do Planalto, o cacique do partido do Centrão, grupo político que dá sustentação ao governo, focou em defender os projetos da gestão Bolsonaro e em criticar o PT, partido do qual já foi aliado. No entanto, o tom usado por Ciro se diferenciou — e muito — do habitual do presidente.

Com o título “Ninguém se esconde atrás da verdade”, o ministro apareceu apenas numa pequena tela no canto superior da live. O destaque ficou para uma apresentação de PowerPoint guiada, em tom professoral, por Ciro.

Na transmissão, cada um dos slides foi lido pelo ministro, que emendava a apresentação com comentários como “é importante vocês anotarem isso aí” ou perguntas retóricas para atrair a atenção de seus expectadores.

“Então, gente, eu queria fazer essa pergunta a vocês. Será que alguém fez mais pelo social do que o governo Bolsonaro?”, diz Ciro, ao ler uma das telas da apresentação, que teve cerca de 2 mil visualizações até a tarde deste sábado.

Essa foi a primeira live do ministro, que pretende, a exemplo do presidente, tornar as lives um canal direto com a população. Nas palavras de Ciro, essa é “nova forma de comunicação que a internet nos proporciona” e promete fazê-la todo sábado de manhã, a partir de agora. A de hoje começou 8h30 e teve 2 mil visualizações, bem a abaixo das lives presidenciais, que costuma atingir mais de 200 mil.

Ao longo de toda a transmissão, o aliado do presidente faz comparações entre o governo Bolsonaro e a gestão passadas petistas. Para isso, repete diversas vezes sobre o Auxílio Brasil, que substituiu o Bolsa Família, programa de transferência de renda criado no primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, hoje principal adversário de Bolsonaro na corrida presidencial.

O enfoque na concessão de benefícios sociais por parte do governo federal é uma das estratégias da campanha de reeleição de Bolsonaro. E, na live, Ciro menciona a mudança de R$ 400 para R$ 600 no valor do Auxílio Brasil, que a PEC Eleitoral pretende fazer caso seja aprovada no Congresso. A proposta institui um estado de emergência para poder ampliar e criar os subsídios a três meses da eleição, driblando a lei eleitoral.

“Quando a miséria assola uma comunidade, um estado ou uma nação, podemos reagir apenas de duas maneiras. Escravizando e sugando os necessitados, como o Partido dos Trabalhadores tem feito, ou como eles pregam. Ou ajudando de verdade quem mais precisa. Essa é a diferença, esse governo faz trabalho social de verdade”, diz Ciro, lendo o texto do slide.

Os ataques ao PT são direcionados tanto ao partido nacionalmente quanto à gestão petista no governo do Piauí, estado de Ciro. Embora tenha sido eleito ao Senado na mesma coalizão da atual governadora, Regina Sousa (PT), o ministro critica o trabalho de sua antiga aliada.

Ainda na esteira da aprovação da PEC no Senado, Ciro tece elogios ao seu colega de governo, o ministro da Economia, Paulo Guedes, a quem chama de “melhor da nossa história”. Hoje, aproveitando um momento de calmaria em sua relação com o Planalto, Guedes já foi pressionado pelo presidente e seus aliados diversas vezes ao longo dos últimos três anos e já chegou a chamar a proposta de emenda à Constituição que tramita no Congresso de “Kamikaze”.

“Foram R$ 700 bilhões fruto de uma política implementada pelo melhor ministro da Economia de nossa história. E é por muitos considerados o melhor ministro da Economia do mundo, que é o ministro Paulo Guedes, que é muitas vezes contestado, mas que graças a eles vocês aí de casa receberam o auxílio emergencial”, diz Ciro, citando os gastos do governo durante a pandemia da Covid-19.

Para terminar a transmissão, o ministro defende a reeleição de seu chefe e diz: “Nós temos agora uma luz no fim do túnel”. Na tela, um slide com uma imagem ilustrando a metáfora.

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