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Em São Paulo, debate sobre a quarentena fica para depois das eleições

Especialistas do Centro de Contingência estadual defenderam recuo para fase amarela; tema será discutido na segunda-feira 30

Foto: EBC
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O aumento nos casos e internações pelo coronavírus em São Paulo tem preocupado o Centro de Contingência, comitê de especialistas que assessora o governo estadual no combate à pandemia.

“Nas últimas três ou quatro semanas, houve um crescimento importante”, afirma a CartaCapital o epidemiologista Paulo Menezes, integrante da comissão e ex-coordenador do Centro de Controle de Doenças do estado. O fenômeno, diz, é mais evidente na Grande São Paulo e nas regiões da Baixada Santista, Campinas, Sorocaba.

As quatro regiões estão hoje na fase mais amena do Plano SP, a verde, que prevê reabertura controlada de quase todas as atividades, inclusive cinemas e teatros.

 

Na terça-feira 24, o grupo recomendou ao governo do estado o aumento de restrições à circulação e ao contato. Parte dos especialistas defende que essas e outras regiões voltem à fase amarela, mais restrita.

O governador João Doria, contudo, preferiu esperar. Os dados serão analisados na próxima segunda, um depois do segundo turno das eleições municipais.

“[A reclassificação] depende dos indicadores e dos algoritmos do Plano São Paulo. Vai depender dos indicadores da semana, e do fim de semana. Se continuar havendo aumento, vamos retroceder”, explica Menezes.

Divulgação/Governo de São Paulo

Algumas cidades já se adiantaram. Em São Bernardo do Campo, onde a taxa de ocupação de leitos beira os 70%, o prefeito Orlando Morando (PSDB) anunciou nesta sexta-feira 27 novas restrições para o controle da pandemia. Bares e academias terão novos horários e regras. Cinemas e teatros voltarão a fechar as portas.

O Infotracker, projeto mantido pela USP e pela Unesp, mostra um índice de contágio [R(t)] médio de 1,5 nessas regiões. Esse número ajuda a estimar a velocidade de transmissão da doença. Quando a tendência é de queda, essa taxa deve ser sempre menor que 1.

A taxa de ocupação das UTIs no estado gira atualmente em torno 50%, segundo dados oficiais. Menezes defende uma intervenção rápida para conter uma eventual escalada.

“A situação requer muita atenção e algumas medidas de redução. É o caso de fazer campanhas para manter as pessoas em casa. Não é hora de comemorar, é hora de as pessoas se cuidarem.”

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