CartaCapital
Em passeio de jet ski, Bolsonaro volta a relativizar pandemia: “uma neurose”
A fala do presidente acontece no dia em que o Brasil bate mais um recorde de mortes pelo coronavírus


No dia em que o Brasil bateu mais um recorde de mortes pelo Coronavírus, passando de 10 mil, o presidente Jair Bolsonaro decidiu aproveitar seu final de semana e dar uma passeio de jet ski no Lago Paranoá, próximo ao Palácio da Alvorada. A decisão aconteceu após o capitão ter que cancelar, pela repercussão negativa, um churrasco que iria promover no Palácio da Alvorada.
Acompanhado de um segurança, Bolsonaro parou seu jet ski perto de outra embarcação para conversar com apoiadores, que faziam um churrasco dentro da lancha. Em um vídeo que se espalhou pelas redes, o presidente voltou a defender o fim do isolamento social e relativizou a pandemia.
“Se a gente não cuidar o Brasil vai entrar em caos. É uma neurose, 70% vai pegar o vírus, não tem como. Loucura”, disse o presidente. Ao contrário do que diz Bolsonaro, a OMS e entidades internacionais de saúde dizem que só isolamento controlará covid-19.
O Brasil passou de 10 mil mortes por covid-19 c/ 730 novos casos em 24h. Nosso país já é o sexto c/ mais mortes no mundo! Enquanto isso, Bolsonaro foi andar de jet ski. Enquanto o país inteiro está em isolamento. Enquanto famílias choram. Bolsonaro se diverte no sangue! pic.twitter.com/m5AsvhlcV1
— Randolfe Rodrigues (@randolfeap) May 9, 2020
Apesar do avanço do novo coronavírus, essa não é a primeira vez que o presidente minima a pandemia. Após se referir a doença como uma “gripezinha”, Bolsonaro afirmou no final de abril que não tinha o que fazer sobre as mortes. “E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre”, disse, no dia em que País ultrapassou a China no número total de óbitos.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.