Pergunto aos meus inquisitivos botões qual haveria de ser o gênero do texto a seguir: melancólico ou passadista? Conheci São Paulo com pouco mais de 1 milhão de habitantes, cavalheiros enchapelados e de meias inexoravelmente brancas, damas enfeitadas com garbosos arranjos próprios para assistir aos páreos do Jockey Club. Quando a cidade passou dos 2 milhões, deu para gabar-se da condição de metrópole que mais crescia no mundo. E um certo e incentivador avanço cultural a tornava de várias formas cidade contemporânea do mundo.
No Teatro Municipal ecoaram as vozes de celebrados cantores, como Mario del Monaco, Tito Gobbi, Nicola Rossi-Lemeni e até Maria Callas, então uma gorda senhora casada com um empresário de sobrenome Meneghini. Triunfava na batuta o maestro Tullio Serafin. Logo aconteceu a primeira Bienal e o vencedor foi Giorgio Morandi. Realizou-se o evento nas dependências do Trianon, ao concluir a arrancada vegetal habitada por vetustos bichos-preguiça dados a cair nas calçadas da Rua Peixoto Gomide, também disposta a funcionar como cenário de brigas de sopapos entre alunos do colégio Dante Alighieri.
Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.
Já é assinante? Faça login