Desonra fardada

Às vésperas do 7 de setembro, as forças armadas estão no fundo do poço, metidas em numerosos escândalos. Lula atira boias

Ao depor com trajes militares, Cid contribui para enlamear ainda mais a imagem do Exército – Imagem: Lula Marques/ABR

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O tenente-coronel do Exército Abimael Alves Pinto Júnior é do Paraná, mas trabalha na Amazônia. Em sua área de atuação há uma estação ecológica, a Juami-Puruá, onde o garimpo ilegal avançou a partir de 2019. “Local que tem muito ouro aqui na Amazônia, muito ouro mesmo”, disse ele certa vez, em uma mensagem de áudio obtida pela Polícia Federal. “Vou juntar muito dinheiro mesmo, mas muito dinheiro mesmo, por mês, cara. E a gente tem que cuidar dessas balsas daí dele.” As balsas eram de Pedro Marcondes, dono de uma loja de carros em Curitiba. Em 11 de outubro de 2020, Marcondes foi preso em flagrante, em Rondônia, com 60 gramas de ouro. No celular dele, a PF descobriu pistas de um esquema de garimpo. Três dias depois, já solto, Marcondes foi assassinado. A aparente queima de arquivo foi prenunciada certa vez por Alves Pinto. “Se o Pedrinho fosse pego, ele praticamente iria perder a vida dele”, disse em outra mensagem.

O militar era da engrenagem garimpeira. Um informante. Avisava a turma do esquema quando fosse haver operação do Exército, da PF e do Ibama. “Acabei de falar aqui com o meu camarada e a missão da segunda brigada, que é do pessoal de São Gabriel da Cachoeira, realmente tá subindo o rio naquela direção, tá bom? Então seria bom ele (Pedrinho) sair de lá por enquanto, tá? Cerca de dois… três dias”, alertou. “Vamos livrar ele todo santo dia de ser pego”, afirmava o primo do fardado em outra mensagem. Nesta, surge o preço pelos serviços do informante: “No mínimo uns 20 mil? Isso para ser muito baixo”. Significaria dobrar sua renda mensal. Seu salário no Exército é de 21 mil. Em uma operação da PF em junho, a Jurupari, foram apreendidas planilhas de pagamentos feitos a Alves Pinto com um casal preso. A operação foi tentativa dos federais, segundo fontes da PF, de contornar a inação do Ministério Público Militar diante das atividades do tenente-coronel.

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5 comentários

PAULO SER noGIO CORDEIRO SANTOS 27 de agosto de 2023 03h56
Marcha soldado, cabeça de golpismo, senão marchar direito vai preso por garimpo ilegal. CPI pegou fogo, a PF deu sinal, acorda, acorda, acorda Supremo Tribunal... E assim o Exército, a Marinha, a Aeronáutica foram desmoralizados por Bolsonaro, General Heleno, Mauro Cid, Lourena Cid, generais, almirantes, brigadeiros, tenentes coronéis, sargentos, cabos e soldados e todo o prestígio das Forças Armadas está se desmoronando, indo para o fundo do poço, caindo no conceito do povo. Existe uma necessidade e um sentimento urgente de se reformar as Forças Armadas, desde a redemocratização, mas é assas urgente que se reveja o ensino dessas escolas militares, o critério de promoções, de benefícios, de privilégios que o povo brasileiro paga para esses servidores públicos militares que deveriam cumprir a função de defender a pátria, as nossas fronteiras, os nossos mares e rios, o espaço aéreo mas que, todavia se desviam de suas funções e comportam-se como verdadeiros meliantes da nação rendida pela força das armas que eles possuem. É evidente que não podemos generalizar. Existem os bons militares, por esse motivo Bolsonaro e asseclas não deram o golpe anunciado e engendrado, e que por pouco não ganhou as eleições, sorte nossa. Felizmente, este golpe foi arquitetado de forma pueril para não dizer patética. Um golpe tabajara, como bem disse o ministro Alexandre de Moraes, que poderia custar nossa liberdade de pensar, de poder criticar, até de existir, de poder sonhar com um futuro mais promissor, de poder construir uma democracia plena. De modo que todas as pessoas que são etnicamente, culturalmente, sexualmente, religiosamente diferentes, possam almejar ter a oportunidade de serem o que são e exercerem sua cidadania. Esses militares conseguiram ter e ser o que são materialmente, através do sangue, do suor e do trabalho das pessoas que lutam no dia a dia de forma honesta e penosa. Alguns desses homens de farda não as honram e não são gratos por terem estudado gratuitamente, ás custas dessa mesma sociedade, tendo se formado nessas escolas militares com os tributos e impostos do povo que, muitas vezes não tem o mínimo para sobreviver. Eles que cometeram seus crimes, mas por serem militares se sentem acima de tudo e de todos, acima do bem e do mal desmascarados, não passam de criminosos onde o criminoso comum pode ser considerado digno, muito mais digno que eles.
PAULO SER noGIO CORDEIRO SANTOS 27 de agosto de 2023 04h01
Marcha soldado, cabeça de golpismo, senão marchar direito vai preso por garimpo ilegal. CPI pegou fogo, a PF deu sinal, acorda, acorda, acorda Supremo Tribunal... E assim o Exército, a Marinha, a Aeronáutica foram desmoralizados por Bolsonaro, General Heleno, Mauro Cid, Lourena Cid, generais, almirantes, brigadeiros, tenentes coronéis, sargentos, cabos e soldados e todo o prestígio das Forças Armadas está se desmoronando, indo para o fundo do poço, caindo no conceito do povo. Existe uma necessidade e um sentimento urgente de se reformar as Forças Armadas, desde a redemocratização, mas é assaz urgente que se reveja o ensino dessas escolas militares, o critério de promoções, de benefícios, de privilégios que o povo brasileiro paga para esses servidores públicos militares que deveriam cumprir a função de defender a pátria, as nossas fronteiras, os nossos mares e rios, o espaço aéreo mas que, todavia se desviam de suas funções e comportam-se como verdadeiros meliantes da nação rendida pela força das armas que eles possuem. É evidente que não podemos generalizar. Existem os bons militares, por esse motivo Bolsonaro e asseclas não deram o golpe anunciado e engendrado, e que por pouco não ganhou as eleições, sorte nossa. Felizmente, este golpe foi arquitetado de forma pueril para não dizer patética. Um golpe tabajara, como bem disse o ministro Alexandre de Moraes, que poderia custar nossa liberdade de pensar, de poder criticar, até de existir, de poder sonhar com um futuro mais promissor, de poder construir uma democracia plena. De modo que todas as pessoas que são etnicamente, culturalmente, sexualmente, religiosamente diferentes, possam almejar ter a oportunidade de serem o que são e exercerem sua cidadania. Esses militares conseguiram ter e ser o que são materialmente, através do sangue, do suor e do trabalho das pessoas que lutam no dia a dia de forma honesta e penosa. Alguns desses homens de farda não as honram e não são gratos por terem estudado gratuitamente, ás custas dessa mesma sociedade, tendo se formado nessas escolas militares com os tributos e impostos do povo que, muitas vezes não tem o mínimo para sobreviver. Eles que cometeram seus crimes, mas por serem militares se sentem acima de tudo e de todos, acima do bem e do mal desmascarados, não passam de criminosos onde o criminoso comum pode ser considerado digno, muito mais digno que eles.
José Carlos Gama 28 de agosto de 2023 23h08
Sinto muito Presidente Lula, esse PAC côr de Oliva foi exagerado. Sinto que essa ação tem muito haver com o texto trazido por Mino Carta nesse edição da revista PODRIDÃO - temos que alimentar às baratas para que não saim dos bueiros? Presidente!! eles sempre vao querer mais e mais, quem necessita de mais é justamente quem recebeu menos: Educação e a Saúde.
ricardo fernandes de oliveira 30 de agosto de 2023 10h28
enquanto os governos que se sucedem não tiverem a coragem de resolver o problema militar, como a Argentina fez, essa situação só vai piorar. lembremos dr brecht e o indivíduo que pula o muro da sua casa
ricardo fernandes de oliveira 30 de agosto de 2023 10h30
seria mais útil acabar com as forças armadas e investir esse dinheiro em saúde e educação. se houver uma guerra, essa gente se venderá para o inimigo e eles mesmos farão o serviço destinado às tropas invasoras. não seria a primeira vez

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