CartaCapital
Desobediência civil e militar
Reservistas unem-se às manifestações contra a interferência do primeiro-ministro no Judiciário
sAo longo de seus muitos anos de serviço, Zur Allon, de 46 anos, tenente-coronel reservista das forças especiais de artilharia de Israel, nunca imaginou que um dia se recusaria a se apresentar para cumprir seu dever. “Metade da minha companhia foi explodida no Líbano. Dei muitos anos da minha vida para defender este país”, disse Allon, um dos líderes do Irmãos e Irmãs em Armas, um grupo de pressão de mais de 60 mil reservistas das Forças de Defesa de Israel fundado no início deste ano em protesto contra a proposta do governo de revisão do Judiciário. “É por isso que estamos tão revoltados. O governo está quebrando um contrato muito simples que temos, de proteger um Israel judeu e democrático.”
As FDI foram concebidas pelo fundador do país, David Ben-Gurion, como “o exército do povo”: um caldeirão apolítico que reuniria israelenses de diversas origens étnicas, religiosas e socioeconômicas e levaria à construção de um senso de coesão social. Ao longo dos anos, essa visão foi diluída e as desigualdades e divisões na sociedade israelense se refletem na composição de suas forças armadas.
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