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A Semana: Lira cala a imprensa

O presidente da Câmara investe contra meios de comunicação

A Semana: Lira cala a imprensa
A Semana: Lira cala a imprensa
A estratégia do coronel alagoano deu com os burros n’água – Imagem: Bruno Spada/Ag. Câmara
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Incomodado com a repercussão negativa das denúncias de agressão feitas por sua ex-mulher, Arthur Lira optou pela velha e equivocada estratégia de matar o mensageiro. O presidente da Câmara tem recorrido à Justiça para retirar do ar os relatos de Jullyene Lins, esposa do deputado até 2006. Em novembro daquele ano, Lins registrou uma queixa e abriu um processo contra o ex-marido por maus-tratos e estupro. Segundo ela, Lira agrediu-a por ciúmes de outros relacionamentos. “Sua puta, sua rapariga, você quer me desmoralizar?”, teria afirmado o parlamentar enquanto a agredia. “Me senti enojada, suja”, declarou Lins ao portal UOL. Em 2015, o presidente da Câmara foi absolvido das acusações pela Justiça alagoana, após a ex-mulher mudar o teor do depoimento. A mudança, diz a agredida, deu-se sob ameaça: se a queixa não fosse retirada, ela perderia a guarda dos filhos. Nas últimas semanas, Lins voltou a falar do assunto em diversos meios de comunicação. O tiro de Lira contra a mídia saiu, no entanto, pela culatra. Quanto mais o parlamentar recorre à censura, mais o assunto circula.

Elos do 8 de Janeiro

Relatório da Agência Brasileira de Inteligência aponta uma conexão de transportadoras e empresas envolvidas no garimpo ilegal com os atos golpistas de 8 de janeiro. Os agentes identificaram 272 caminhões em Brasília. Ao menos 12 companhias eram proprietárias de mais de um veículo estacionados no acampamento em frente ao quartel-general do Exército. Segundo a Abin, o fato revela baixa adesão de caminhoneiros autônomos e o estímulo por determinados grupos econômicos. Além disso, Enric Juvenal da Costa Lauriano, lobista pró-garimpo, teria divulgado canais de financiamento dos movimentos golpistas. Um dos canais levava a um Pix de uma empresa de Ricardo Pereira Cunha, proprietário da Mineração Carajás Ltda.

Bolsonarismo/ Não vai ficar barato

Os agressores da família de Alexandre de Moraes se enrolam

O casal Mantovani terá de prestar contas à Justiça – Imagem: Redes sociais

Os bolsonaristas empedernidos relutam em aceitar os fatos. O clima mudou e as agressões gratuitas a autoridades deixaram de ser toleradas e estimuladas. O aprendizado será especialmente duro para o casal ­Andréa Mantovani e Roberto Mantovani Filho, caipiras do interior paulista que confundiram o aeroporto de Roma com a praça central de Santa Bárbara d’Oeste. Estavam acompanhados de Alex Zanatta ­Bignotto, dono de uma imobiliária na cidade. O casal Mantovani, segundo relatos, achou-se no direito (ou no dever?) de agredir o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, e família. Andréa chamou o juiz de “bandido, comunista e comprado”. Em seguida, o marido desferiu um tapa no rosto do filho de Moraes. Como a covardia é outro traço marcante do bolsonarismo, os agressores se fizeram de desentendidos quando abordados por agentes da Polícia Federal na chegada ao Brasil. Suas declarações públicas são desconexas e conflitantes: nem admitem nem negam a agressão. A PF solicitou as imagens das câmeras de segurança do aeroporto de Roma. O PSD anun­ciou a abertura de processo de expulsão de ­Mantovani
dos quadros do partido.

Espanha/ A voz das profundezas

As pesquisas indicam uma futura aliança entre o PP e o Vox

Abascal ressuscita o franquismo em um país fraturado – Imagem: Vox Espanha

Na segunda-feira 17, os meios de comunicação divulgaram as últimas pesquisas permitidas pela justiça eleitoral do país. Apesar dos esforços na reta final da campanha do primeiro-ministro socialista, Pedro Sánchez, a maioria dos levantamentos indica uma derrota do PSOE no domingo 23. O PP, tradicional legenda de direita, aparece com 34% das intenções de voto, o que lhe daria 142 cadeiras no Congresso. Os socialistas estacionariam nos 28% obtidos em 2019 (o suficiente para 106 assentos). O Vox, herdeiro do franquismo e liderado por ­Santiago Abascal, firmar-se-ia como a terceira força política. Os institutos projetam 36 cadeiras para a agremiação de extrema-direita. Uma aliança entre o PP e o Vox somaria 178 parlamentares, dois além do necessário para formar a maioria. Um acordo entre as partes não seria novidade: os partidos dividem a administração de estados e cidades espanhóis. Não estão claros, porém, os termos dessa coabitação no governo central e o quanto da agenda reacionária será incorporado. A provável chegada do Vox às instâncias do poder na Espanha reafirma a recente ascensão do extremismo de direita na Europa. A respeito, leia o artigo de Wil Hutton, colunista de The Observer, à página 42.

Maná? Na outra vida

Passam de 400 os mortos por inanição no Quênia, induzidos ao jejum por uma seita evangélica. Os meios de comunicação apelidaram o caso de “massacre de Shakahola”, nome da floresta onde os corpos foram encontrados. A seita era liderada por Paul Nthenge Mackenzie, ex-motorista de táxi que prometeu aos seguidores a salvação eterna por meio da morte por inanição. A propriedade no meio da floresta onde acontecem as buscas era descrita como um santuário do Apocalipse prestes a ocorrer. Nem todos morreram de fome. Algumas das vítimas, incluídas crianças, foram estranguladas, agredidas ou asfixiadas.

Decisão judicial/ Retratação pública

DIREITO DE RESPOSTA DE CARMEN ELIZA BASTOS DE CARVALHO

A Revista CartaCapital e o espólio de seu jornalista Nirlando Beirão, por força do processo nº.: 0046482-03.2020.8.19.0001, que tramita perante a 31ª Vara Cível do Foro Central da Comarca do Rio de Janeiro, promovida por CARMEN ELIZA BASTOS DE CARVALHO, em face dos primeiros, por ocasião de condenação judicial oriunda do feito em epígrafe, nos termos do artigo art. 536, do Código civil c,c/ o art. 5º, inciso V da CF/88, vimos através do presente apresentar a presente RETRATAÇÃO PÚBLICA, retirando, por meio desta, todas as acusações feitas levianamente contra a Insigne Promotora de Justiça em comento, relativas a matéria publicada por nós no dia 20/11/2019, intitulada “MULHERES QUE ENVERGONHAM AS MULHERES”, comprometendo-nos ainda a não mais fazê-lo, sob as penas da lei.

Publicado na edição n° 1265 de CartaCapital, em 28 de junho de 2023.

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