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Big Techs/ A rendição de Musk

X diz ao STF que pagará todas as multas e Alexandre de Moraes manda o BC desbloquear contas

Big Techs/ A rendição de Musk
Big Techs/ A rendição de Musk
O magistrado ri por último – Imagem: Fellipe Sampaio/STF
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O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, determinou, na terça-feira 1º, que o Banco Central desbloqueie imediatamente as contas bancárias e os ativos financeiros do X (antigo Twitter) no Brasil. A decisão decorre de uma manifestação na qual a plataforma afirmou que pagará todas as multas fixadas pela Corte. A empresa pediu, porém, o fim do bloqueio sobre as contas, com o objetivo de receber as transferências internacionais que quitarão os débitos.

Moraes já havia ordenado, em 11 de setembro, a liberação das contas. Na terça 1º, ele pediu para o BC e a Comissão de Valores Mobiliários explicarem por que aquele despacho não foi cumprido. Ao rejeitar o retorno imediato do X na sexta-feira 27, o magistrado listou as pendências financeiras. A empresa, então, informou ao STF que pagará uma multa de 18,3 milhões de reais e outra de 10 milhões de reais impostas pela Corte. A rede social de Elon Musk está fora do ar no País desde o fim de agosto, após se recusar a cumprir ordens de suspensão de perfis, ignorar multas e não indicar uma representação legal em território nacional.

Voo em círculos

O avião que transportava o presidente Lula da Cidade do México para Brasília apresentou problemas técnicos na terça-feira 1º, logo após a decolagem. A aeronave precisou retornar ao aeroporto de origem, mas teve de sobrevoar a capital mexicana por quase cinco horas, para queimar combustível e poder pousar em segurança. Passado o susto, o Lula embarcou em um avião reserva da Presidência para voltar ao Brasil. Ele viajou ao México para a posse da nova presidente do país, Claudia Sheinbaum.

Investigação/ Denúncia confirmada

Anielle Franco diz à PF que assédio de Silvio Almeida começou em 2022

A ministra da Igualdade Racial prestou depoimento na quarta 2 – Imagem: Camargo/Agência Brasil

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, depôs à Polícia Federal na quarta-feira 2, no inquérito que apura denúncias de assédio moral e sexual contra o ex-ministro dos Direitos Humanos Silvio Almeida. No depoimento sigiloso, Anielle relatou que as “abordagens inadequadas” de Almeida começaram ainda em 2022, quando os dois integraram a equipe de transição de Lula, e escalaram até um episódio de importunação sexual física, quando o ministro teria tocado em sua perna por debaixo da mesa em maio de 2023, durante uma reunião pública. O teor das declarações foi revelado por Mônica Bergamo, colunista da Folha de S.Paulo.

O inquérito foi autorizado por André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal, no dia 17 de setembro, com base em apuração preliminar da PF. Ao abrir a investigação, o ministro entendeu que o caso deveria tramitar na Corte porque as acusações ocorreram quando Almeida estava no cargo de ministro. Antes de deixar o governo, ele negou as acusações e afirmou ser vítima de uma campanha difamatória para afetar sua imagem como “homem negro em posição de destaque no Poder Público”.

Áustria/ Perigosa retórica nazista

Partido de extrema-direita criado por oficiais da SS triunfa nas eleições

Herbert Kickl fez campanha com um agressivo discurso anti-imigração – Imagem: Alex Halada/AFP

A extrema-direita venceu as eleições legislativas da Áustria no domingo 29. “Saboreiem este resultado. Juntos fizemos história hoje. O que conseguimos supera todos os meus sonhos”, celebrou Herbert ­Kickl, líder do Partido da Liberdade (FPÖ), que obteve 28,8% dos votos, um aumento de 13 pontos em relação às eleições de 2019. Os conservadores do Partido Popular da Áustria (ÖVP), liderados pelo chanceler Karl Nehammer, ficaram em segundo lugar, com 26,3% dos votos.

Apesar do triunfo nas urnas, Kickl está longe de ter garantido o cargo de chefe do governo e pode até ficar fora de um gabinete de coalizão, já que nenhum partido parece disposto a se associar com sua legenda, fundada por ex-oficiais da SS, grupo paramilitar nazista nos anos 1950. O parlamentar costuma apresentar-se como o futuro “Volkskanzler”, o chanceler do povo, um termo usado com Adolf Hitler na década de 1930.

Ex-ministro do Interior, Kickl fez campanha com um forte discurso anti-imigração, classificando os estrangeiros na Áustria como criminosos e dependentes de assistência social. Alinhado à Rússia e ao ultradireitista húngaro Viktor Orbán, ele chegou a propor a suspensão dos pedidos de refúgio e defende o conceito de “remigração”, que consiste em retirar a nacionalidade de imigrantes que não teriam se integrado ao país.

Confissão de culpa

Em sua primeira declaração pública depois de sair de uma prisão no Reino Unido, o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, afirmou ao Conselho da Europa, na terça-feira 1º, que foi libertado depois de se declarar “culpado por ter feito jornalismo”. Assange passou 14 anos preso entre a Embaixada do Equador em Londres e a cadeia britânica. Ele só deixou o cárcere após um acordo com a Justiça dos Estados Unidos, na qual se declarou culpado por violar a Lei de Espionagem do país. A acusação envolve conspiração para obter e divulgar documentos classificados de defesa nacional norte-americana. “Eu me declarei culpado por buscar informações de uma fonte e me declarei culpado por informar o público sobre a natureza dessas informações. Não me declarei culpado por nenhuma outra acusação.”

Argentina/ Servas de Deus

Opus Dei é acusada de submeter mulheres a trabalho forçado

Escrivá, fundador da prelazia, foi canonizado pelo papa João Paulo II – Imagem: Arquivo/AFP

Quatro ex-autoridades da Opus Dei foram indiciadas pela Justiça da Argentina pelos crimes de redução à servidão e tráfico de pessoas. Em um pedido de investigação de 136 páginas, revelado pelo Financial Times, promotores acusam líderes da prelazia católica ultraconservadora, fundada por Josemaría Escrivá de Balaguer, de criar uma “estrutura dedicada ao recrutamento de pelo menos 44 mulheres, a maioria delas meninas e adolescentes” que foram “submetidas a condições de vida comparáveis à escravidão”.

Segundo os promotores, meninas de famílias rurais de baixa renda eram aliciadas com a promessa de receber educação e oportunidades de emprego, mas a instrução formal oferecida foi nula ou parcial. Na verdade, elas frequentavam escolas da própria organização que ensinavam tarefas domésticas, como limpar, cozinhar e passar roupas. “Presas em um ciclo de exploração e abuso”, as vítimas trabalhavam até 14 horas por dia, sem remuneração. Elas teriam servido à prelazia como “numerárias auxiliares” entre 1972 e 2015.

A Opus Dei diz que as acusações são baseadas em “completa descontextualização” da “vocação livremente escolhida pelas numerárias auxiliares”, acrescentando que as mulheres recebiam um salário e viviam em “ambiente acolhedor com instalações para descanso, recreação, leitura e estudo”.

Publicado na edição n° 1331 de CartaCapital, em 9 de Outubro de 2023.

Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título ‘A Semana’

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