Mundo

Bielorrússia: manifestantes promovem novo protesto contra Lukashenko

Dezenas de milhares de bielorrussos foram às ruas da capital Minsk neste domingo 23 denunciar a reeleição do presidente Alexander Lukashenko, de 65 anos, que enfrenta um movimento histórico de protestos há duas semanas. Há denúncias de fraudes em relação ao pleito, no qual Lukashenko […]

Manifestantes protestam contra os resultados das eleições presidenciais em Minsk. Foto: Sergei GAPON / AFP
Apoie Siga-nos no

Dezenas de milhares de bielorrussos foram às ruas da capital Minsk neste domingo 23 denunciar a reeleição do presidente Alexander Lukashenko, de 65 anos, que enfrenta um movimento histórico de protestos há duas semanas.

Há denúncias de fraudes em relação ao pleito, no qual Lukashenko conquistou 80% dos votos. A popular líder da oposição, Svetlana Tikhanovskaia, agora refugiada na Lituânia, afirma ter vencido a eleição.

A União Europeia declarou não reconhecer os resultados das eleições de 9 de agosto, alegando que elas “não foram justas, nem livres”.

Agitando bandeiras brancas e vermelhas, as cores da oposição, a multidão se reuniu na Praça da Independência e nas ruas ao redor, cantando em coro gritos de “liberdade!”. Mídias e contas do Telegram ligadas à oposição relatam mais de 100 mil manifestantes na capital bielorrussa pelo segundo domingo consecutivo.

No poder há 26 anos, Lukashenko prometeu “resolver o problema” do conflito, em sua opinião motivado por uma conspiração do Ocidente, e até colocou o exército em alerta no sábado 22, acusando a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) de manobras nas fronteiras da Bielorrússia.

Milhares de pessoas, incluindo trabalhadores da icônica fábrica de tratores MTZ, marcharam em direção ao centro de Minsk, acenando bandeiras nas cores branca e vermelha (primeira bandeira da Bielorrússia independente da União Soviética de 1991 a 1995). Uma vez reunidos no centro da cidade, milhares de manifestantes gritavam, entre outras frases de protesto, “Lukashenko no camburão!”.

Forças de ordem, especialmente armadas com canhões d’água, foram enviadas em grande número ao local. Pouco antes do início da manifestação, o Ministério do Interior se pronunciou contrário às “reuniões ilegítimas” e alertou os cidadãos para que “agissem com inteligência”.

O Ministério da Defesa alertou que, em caso de agitação perto dos memoriais da Segunda Guerra Mundial, locais de protestos nas últimas duas semanas, responsáveis teriam que se ver “não com a polícia, mas com o exército”.

Os opositores esperam repetir o sucesso de 16 de agosto, quando mais de 100 mil protestaram em Minsk contra a reeleição de Lukashenko, a qual consideram fraudulenta, assim como a repressão brutal às manifestações.

“Continuem!”

“Estou muito orgulhosa dos bielorrussos que, após 26 anos de medo, estão prontos para defender seus direitos”, declarou Tikhanovskaia. “Peço que continuem”, acrescentou.

A manifestação deste domingo deve provar que a oposição pode impor um impasse de longo prazo a Lukashenko, a fim de forçá-lo a negociar sua saída.

O presidente bielorrusso tem se mantido de pé até agora e contado com a lealdade do exército, da polícia e dos serviços secretos, embora tenham sido registradas deserções na mídia estatal e em empresas públicas.

Apoiadores do presidente também organizam demonstrações a seu favor com carreatas.

No sábado 22, Lukashenko aproveitou uma inspeção de unidades militares implantadas perto da fronteira polonesa para apresentar seu protesto contra “um complô tramado no exterior”. Ele colocou as Forças Armadas em alerta “para defender a integridade territorial” de seu país, ameaçado em sua opinião por “grandes atos das forças da OTAN perto das fronteiras”, em territórios da Polônia e da Lituânia. A Aliança negou qualquer “reforço militar na região”.

Tikhanovskaya, por sua vez, denunciou a tentativa de “desviar (a atenção) de problemas internos”. Antes da votação, o presidente bielorrusso acusou a Rússia de Vladimir Putin de trabalhar discretamente para derrubá-lo, mas, diante da onda de protestos, mudou radicalmente seu discurso e passou a se orgulhar do apoio do Kremlin contra os protestos.

Apoio russo

As autoridades bielorrussas também iniciaram esta semana procedimentos por “ataques à segurança nacional” contra o “Conselho de Coordenação” formado pela oposição para promover uma transição política pós-eleitoral.  Lukashenko ameaçou os grevistas que contestavam seu poder com represálias, citando demissões ou fechamento de linhas de produção.

Esta tática parece estar dando resultados: o número de greves nas fábricas estatais, os pilares do sistema econômico e social de Bielorrússia, caiu esta semana. O presidente também substituiu membros da equipe editorial da mídia estatal por jornalistas da Rússia. Moscou, por sua vez, anunciou seu apoio a Lukashenko, apesar das tensas relações nos últimos meses, enquanto a União Europeia planeja aumentar as sanções contra a Bielorrússia.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo