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Abaixo-assinado/ Censura na USP

Professores se manifestam contra expulsão de estudantes por críticas a Israel

Abaixo-assinado/ Censura na USP
Abaixo-assinado/ Censura na USP
Os alunos denunciaram o “genocídio” do povo palestino – Imagem: Miguel Schincariol/AFP
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Um grupo de professores da USP organizou um abaixo-assinado contra a expulsão de quatro alunos que criticaram Israel por sua sangrenta incursão militar na Faixa de Gaza, que já resultou em mais de 45 mil mortes, segundo a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA, na sigla em inglês). Em processo que corre sob sigilo, os estudantes foram denunciados por incitação ao ódio e discriminação.

Os alunos denunciaram, em comunicado divulgado durante uma assembleia, o “genocídio” do povo palestino e qualificaram a política do premier Benjamin ­Netanyahu nos territórios ocupados como “fascista, colonialista e racista”. No trecho mais controverso, descreveram o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 como uma “ofensiva histórica contra o colonialismo israelense”.

“No informe, além de críticas a Israel, nada há que configure crime de ódio ou antissemitismo”, afirmam os professores Carlos Augusto Calil, da Escola de Comunicações e Artes (ECA), Leda Paulani, da Faculdade de Economia e Administração (FEA), e Sérgio Rosenberg, da Faculdade de Medicina, em artigo publicado na Folha de S.Paulo e que serve de base para o abaixo-assinado. Citam ainda um relatório da Human Rights Watch, a apontar indícios de “crimes de guerra” e “limpeza étnica” em Gaza.

Até a segunda-feira 16, ao menos 235 professores subscreveram a moção de apoio aos estudantes. O documento acrescenta que o processo se baseia em normas do regimento da USP criadas durante a ditadura.

Negligência médica

Após a morte de um homem de 32 anos na sala de espera de uma UPA na Cidade de Deus, Zona Oeste do Rio de Janeiro, a Secretaria Municipal de Saúde anunciou a demissão de 20 profissionais, entre eles enfermeiros e médicos que estavam de plantão na noite da sexta-feira 13. O caso ganhou repercussão após outra paciente notar que a vítima estava inconsciente numa cadeira e gravar um vídeo, que rapidamente viralizou nas redes sociais. Segundo testemunhas, José Augusto Mota da Silva chegou ao local gritando de dor, mas a classificação de risco feita na triagem apontou seu caso como de baixa prioridade. Enquanto aguardava a vez, sofreu uma parada cardiorespiratória. A Polícia Civil abriu um inquérito para apurar as circunstâncias da morte.

São Paulo/ Infiltrados do PCC

Operação prende quatro policiais suspeitos de atuar para a facção

Antes de ser executado a tiros, empresário delatou os agentes – Imagem: Miguel Schincariol/AFP

A Polícia Federal e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado deflagraram, na terça-feira 17, uma operação para prender oito suspeitos de envolvimento com o PCC, entre eles o delegado Fábio Baena Martin e três investigadores da Polícia Civil. Baena foi citado na delação do empresário Antônio Vinícius Gritzbach, executado a tiros no aeroporto de Guarulhos em novembro, como colaborador da facção criminosa. Desde então, estava afastado das funções.

“A investigação partiu de análise de provas obtidas em investigações policiais que envolveram movimentações financeiras, colaboração premiada e depoimentos”, informou o Ministério Público de São Paulo. “Tais elementos revelaram o modo complexo que os investigados se estruturaram para exigir propina e lavar dinheiro para suprir os interesses da organização criminosa.”

Cerca de 130 agentes da PF foram mobilizados para efetuar as prisões e cumprir mandados de busca em 13 endereços de São Paulo, Bragança Paulista, Igaratá e Ubatuba. A defesa de Baena considerou a prisão “abusiva”, mas informou que se pronunciará somente após ter acesso aos autos do processo.

Coreia do Sul/ Contragolpe certeiro

Assembleia Nacional aprova o impeachment do presidente Yoon Suk Yeol

O líder sul-coreano tentou impor uma lei marcial para silenciar a oposição – Imagem: Kim Young Wii/Presidência da Coreia do Sul

Onze dias após a fracassada tentativa de impor uma lei marcial no país para silenciar a oposição, o presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, foi destituído do cargo pela Assembleia Nacional. O impeachment foi aprovado, no sábado 14, por 204 dos 300 deputados sul-coreanos, enquanto 85 votaram contra, três se abstiveram e oito anularam o voto.

A notícia foi efusivamente celebrada por cerca de 200 mil manifestantes que acompanharam a votação em frente ao Parlamento, segundo estimativas da polícia. Em outra parte da capital, Seul, perto de 30 mil apoiadores reuniram-se para prestar solidariedade ao presidente. Após a decisão dos deputados, Suk Yeol declarou que não pretende abandonar a vida pública: “A jornada que trilhei com o povo nesses dois anos e meio em direção ao futuro não pode ser interrompida. Não desistirei”.

Com o impeachment, o primeiro-ministro Han Duck-soo assume as funções presidenciais, conforme estabelece a Constituição do país. Caso a Corte Constitucional confirme a decisão do Legislativo, novas eleições devem ser realizadas em até 60 dias. O tribunal tem seis meses para tomar uma decisão e agendou a primeira audiência para 27 de dezembro.

Guerra tarifária

Na terça-feira 17, Donald Trump ameaçou aumentar as taxas sobre produtos brasileiros nos EUA. “A palavra ‘recíproco’ é importante. O Brasil nos taxa muito. Se eles querem nos taxar, tudo bem. Taxaremos de volta”, afirmou o republicano, que retornará à Casa Branca em janeiro. Esta foi a primeira vez que Trump citou explicitamente o Brasil em suas ameaças de aumento de tarifas. Até então, o presidente parecia mais focado na guerra comercial com a China. Em várias ocasiões, Trump prometeu impulsionar a indústria americana impondo uma tarifa de até 60% sobre as importações chinesas.

Europa/ Patinete explosivo

Ucrânia mata general russo em atentado a bomba em Moscou

Kirillov comandava a defesa russa contra armas químicas e biológicas – Imagem: Alexander Nemenov/AFP

Na terça-feira 17, o general Igor Kirillov, comandante das forças russas de defesa contra armas nucleares, químicas e biológicas, foi morto em um atentado em Moscou. Ele estava acompanhado pelo assistente Ilia Polikarpov, também vítima da explosão de uma bomba camuflada em um patinete, na saída de um prédio. O ataque foi reivindicado pelo SBU, serviço secreto da Ucrânia, que acusa o militar de usar armas químicas na guerra.

Kirillov ganhou notoriedade ao divulgar uma lista de 19 supostos laboratórios de armas biológicas operados pelos EUA em áreas da Ucrânia ocupadas pelos russos, acusação refutada por Kiev. A Rússia, por sua vez, também nega o uso de armas químicas na Ucrânia e alega ter eliminado os estoques remanescentes da Guerra Fria sob supervisão da ONU.

A porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova, lamentou a morte do general que lutou “pela pátria-mãe e pela verdade”, enquanto Konstantin Kosachev, vice-presidente do Conselho da Federação, a câmara alta do Parlamento russo, prometeu punir os autores do atentado “sem piedade”.

Publicado na edição n° 1342 de CartaCapital, em 25 de dezembro de 2024.

Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título ‘A Semana’

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