Lula fez bem em mudar de assunto. Na mais recente viagem à Europa, justificada pela participação na cúpula organizada pelo francês Emmanuel Macron para discutir um novo pacto financeiro global, o presidente evitou o terreno pantanoso da Guerra na Ucrânia e trafegou por temas caros à reinserção do Brasil na geopolítica: meio ambiente, o poder excessivo dos mercados e a desigualdade (embora o País, campeão no quesito, não possa dar lição a nenhum outro). “E nós aqui precisamos ter claro o seguinte: aquilo que foi criado depois da Segunda Guerra Mundial, as instituições de Bretton Woods não funcionam mais e não atendem às aspirações nem aos interesses da sociedade”, discursou o petista, bastante aplaudido. “Vamos ter claro que o Banco Mundial deixa muito a desejar naquilo que o mundo aspira. Vamos deixar claro que o FMI deixa muito a desejar.”
No tour europeu, que incluiu um encontro com o papa Francisco no Vaticano e reuniões bilaterais com o presidente italiano, Sergio Mattarella, e a primeira-ministra, Giorgia Meloni, Lula não poupou as mudanças de última hora sugeridas (ou impostas) pela União Europeia no acordo comercial com o Mercosul. Os europeus pretendem incluir no documento o direito de aplicar multas aos parceiros sul-americanos, em caso de descumprimento de cláusulas de proteção ambiental. Para Lula, a proposta ameaça as negociações. “Estou doido para fazer um acordo com a UE, mas não é possível, a carta adicional não permite que se faça um acordo”, declarou. “Não é possível que a gente tenha uma parceria estratégica e haja uma carta adicional fazendo ameaça a um parceiro estratégico. Como vamos resolver isso?”
Desmatamento
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