A Semana: Lula em Paris

Na agenda, Amazônia, críticas ao deus mercado e o acordo com a UE

Lula e Macron, por razões diferentes, desconfiam do acordo UE-Mercosul – Imagem: Ricardo Stuckert/PR

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Lula fez bem em mudar de assunto. Na mais recente viagem à Europa, justificada pela participação na cúpula organizada pelo francês Emmanuel Macron para discutir um novo pacto financeiro global, o presidente evitou o terreno pantanoso da Guerra na Ucrânia e trafegou por temas caros à reinserção do Brasil na geopolítica: meio ambiente, o poder excessivo dos mercados e a desigualdade (embora o País, campeão no quesito, não possa dar lição a nenhum outro). “E nós aqui precisamos ter claro o seguinte: aquilo que foi criado depois da Segunda Guerra Mundial, as instituições de Bretton Woods não funcionam mais e não atendem às aspirações nem aos interesses da sociedade”, discursou o petista, bastante aplaudido. “Vamos ter claro que o Banco Mundial deixa muito a desejar naquilo que o mundo aspira. Vamos deixar claro que o FMI deixa muito a desejar.”

No tour europeu, que incluiu um encontro com o papa Francisco no Vaticano e reuniões bilaterais com o presidente italiano, Sergio Mattarella, e a primeira-ministra, Giorgia Meloni, Lula não poupou as mudanças de última hora sugeridas (ou impostas) pela União Europeia no acordo comercial com o ­Mercosul. Os europeus pretendem incluir no documento o direito de aplicar multas aos parceiros sul-americanos, em caso de descumprimento de cláusulas de proteção ambiental. Para Lula, a proposta ameaça as negociações. “Estou doido para fazer um acordo com a UE, mas não é possível, a carta adicional não permite que se faça um acordo”, declarou. “Não é possível que a gente tenha uma parceria estratégica e haja uma carta adicional fazendo ameaça a um parceiro estratégico. Como vamos resolver isso?”

Desmatamento

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3 comentários

ricardo fernandes de oliveira 30 de junho de 2023 11h00
Seria interessante o atual presidente substituir a demagogia por atos concretos em prol da sustentabilidade: um compromisso sério contra o desmatamento e a proibição de agrotóxicos já proibidos em outros países. O Brasil não quer assinar o acordo porque não tem Vontade de resolver essas questoes
PAULO SERGIO CORDEIRO SANTOS 2 de julho de 2023 22h57
Diplomacia/ Lula em Paris O presidente Lula pode ser considerado um estadista revolucionário na diplomacia brasileira e mundial. Ele raciocina com um olho na história e o outro na geopolítica mundial atual. O conservadorismo e o neoliberalismo cega os líderes dos países que não veem que as instituições como FMI, BIRD, ONU não têm poder de resolver as injustiças das desigualdades mundiais e precisam ser reformuladas, reformadas para não dizer revolucionadas a fim de atender às desigualdades e evitar as guerras que acontecem no planeta assim como o problema de milhões de refugiados que saem de seus países e encontram ambiente hostil na Europa, nas Américas, nos Estados Unidos. O mundo precisa de mais diplomatas como o presidente Lula, o papa Francisco que ainda têm voz e podem transformar tudo o que foi feito de errado na história das nações.
PAULO SERGIO CORDEIRO SANTOS 2 de julho de 2023 23h00
Escândalo / Na conta do Arthur O presidente da câmara Arthur Lira é mais uma dessas heranças malditas deixadas por Bolsonaro. Como todo bom bolsonarista, Lira deixa rastros. A Polícia Federal pode investigar livremente, visto que como instituição autônoma de acordo com a CF-88, e sem as investidas do bolsonarismo, pode trabalhar livremente a fim de apurar possíveis origens ilícitas de superfaturamentos praticados pelo coronel das Alagoas, Arthur Lira. Depois da decisão do TSE decidindo pela inelegibilidade de Bolsonaro, devemos esperar mais políticos cassados e inelegíveis. Estamos vivendo tempos de depuração nacional.

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