Nasce o projeto Brasil no Mundo

Não é novidade para ninguém que o mundo está cada vez mais globalizado. A circulação de informações aumentou enormemente e os países estão bem mais próximos uns dos outros.

Uma das grandes vantagens é a possibilidade de aprender com muito mais velocidade e qualidade do que antes, pois qualquer conhecimento pode ser acessado em qualquer lugar do mundo desde que se estabeleça o canal necessário, normalmente a Internet, e desde que seja possível decodificar a mensagem.

Aqui reside uma enorme dificuldade brasileira em relação aos demais países. Se a nossa educação, em regra, já é mais fraca do que nos países desenvolvidos em geral, em termos de línguas estamos num cenário bastante complicado e, portanto, o Brasil ainda se encontra, de certa forma, afastado em termos de conhecimento das vanguardas do mundo contemporâneo.

O números de brasileiros que falam inglês hoje é, evidentemente, muito maior do que aquele de anos atrás e a quantidade dos que conseguem estudar no exterior também aumentou nos últimos anos. Mas o número dos que não fazem nenhum dos dois ainda é gigantesco.

O Brasil é uma das nações mais desiguais do mundo e uma das consequências nefastas é, sem dúvida, a maior dificuldade para os cidadãos ascenderem intelectualmente por terem, entre outras, menos oportunidades de viajar para estudar línguas e conhecer outras culturas, duas coisas que, por questões até óbvias, precisam andar juntas.

Não se aprende bem outras línguas na base da memorização como se tenta fazer normalmente no Brasil. A língua é parte da cultura e o seu aspecto mais importante é o pragmático, a formação dos sentidos na prática cultural da comunidade que constrói o sistema linguístico no seu uso.

Essa dificuldade brasileira com as línguas, e aí é preciso dar destaque à importância do inglês, gera um afastamento entre nós e o restante do mundo, o que cria um descompasso de progresso entre os daqui e os de lá. Uma das principais formas de progredir é aprender com outros que têm experiências e conhecimentos distintos, especialmente com aqueles mais avançados.

Outra questão: por conta dos graves problemas brasileiros, muitos vão estudar no exterior e decidem não retornar, de modo que o conhecimento não é, muitas vezes,  compartilhado no País, apesar de que alguns, mesmo residindo em outros países, continuam a trabalhar pelo Brasil, como fez Roberto Mangabeira Unger durante toda a sua vida.

É fundamental que os brasileiros no exterior, sobretudo aqueles com acesso aos centros educacionais mais avançados do planeta, continuem a contribuir com o País para que os  concidadãos também acessem o conhecimento de vanguarda.

Quantos brasileiros são professores ou pesquisadores importantes em grandes universidades no exterior e pouco visitam o Brasil e nunca ou quase nunca publicaram nada aqui? É preciso mudar essa realidade com urgência.

Com esses fins expostos acima e outros, sugeri à CartaCapital, que abraçou o projeto desde o primeiro o momento, a criação de um espaço em seu website para a publicação do máximo possível de textos de alta qualidade produzidos por professores, pesquisadores e estudantes brasileiros ou estrangeiros.

Entrevistas com brasileiros ou estrangeiros célebres, que possam contribuir com conhecimento de vanguarda, também são bem-vindas.

A ideia é criar um canal contínuo, de fluxo rápido, por meio da internet, para permitir a discussão dos problemas brasileiros e a apresentação de propostas de solução  com uma visão progressista e vanguardista.

Progressista, pois não se está interessado em conservar, nem muito menos em regredir. Sempre é possível avançar. Busca-se conhecimento que solucione problemas, pragmático, complexo, que faça a inclusão de milhões de brasileiros que ainda não têm moradia, não têm ou mal têm o que comer, com nenhum ou pouco acesso à educação etc.

A linha de pesquisa não se resume a questões socioeconômicas, entretanto. Qualquer conhecimento progressista e de vanguarda, não importa a área, que sriva ao propósito de desenvolver o Brasil é bem-vindo. O projeto busca ser uma espécie de TED brasileiro e escrito. Persegue ideias que valem a pena difundir. 

Vanguardista, pois o Brasil não pode mais se contentar com pouco. Muitos dos professores, pesquisadores e estudantes brasileiros  no exterior são considerados os melhores ou estão entre os melhores em suas áreas. O brasileiro não é melhor nem pior do que nenhum outro. Ele precisa estar na ponta, nas vanguardas, criar saber para difundir pelo resto do mundo, e não apenas copiar.

Um dos objetivos do projeto é escapar do colonialismo mental, que sujeita os brasileiros à subserviência e à cópia mal feita do que vem de fora, e fora do nacionalismo ingênuo, que sujeita os brasileiros ao isolamento, ao desconhecimento e ao atraso.

Se o objetivo é ser progressista e vanguardista, é preciso haver abertura, bom senso. Deste modo, não se aceitará colaboração apenas de indivíduos residentes no exterior, mas de todos que tenham estudado em grandes centros de ensino estrangeiros e até mesmo daqueles que  apresentem trabalhos baseados no conhecimento de vanguarda no mundo para apresentar soluções.

O importante é gerar um fluxo de informações avançadas que dificulte as discussões  muito carregadas de ideologia ou manipuladoras. É preciso dar a todos os brasileiros a oportunidade de conhecer o que funcionou e o que não funcionou no mundo e no próprio Brasil, procurando atingir o máximo de indivíduos.

O convite para publicação também é aberto a estrangeiros que cumpram os mesmos requisitos apresentados acima. A contribuição de “brasilianistas” seria alvissareira. O envio dos textos pode ser em inglês, francês ou espanhol. Faremos a devida tradução para om português.

Os textos deverão ter até 8 mil caracteres com espaço e as entrevistas até 10 mil. Ambos devem ser enviados para o seguinte endereço de email: [email protected].

O envio não significa garantia de publicação, pois haverá uma avaliação do preenchimento dos requisitos aqui apresentados e dos requisitos da própria CartaCapital.

Divulguem a todos os possíveis interessados. Juntos, sem dúvida, faremos um País melhor. Vamos nos aproximar do resto do planeta. Vamos nos colocar no centro do mundo. Nasce aqui o projeto “Brasil no Mundo”.