Diversidade
Quais problemas que podem te atrapalhar na hora do sexo anal?
Normalmente quem tem alguma doença orificial apresenta algum tipo de sintoma
Quem pratica sexo anal pode enfrentar algumas dificuldades, principalmente se for acometido por algum tipo de doença orificial – que são doenças que acometem o ânus e o reto. Normalmente quem tem alguma doença orificial apresenta algum tipo de sintoma. Os mais comuns são: dor no ânus, sangue nas fezes e coceira.
Hoje vamos falar um pouco sobre os três tipos principais de doenças orificiais: doença hemorroidária, fissura e fístula anal, e a suas relações com o sexo anal.
Hemorroidas
O que são? Estruturas conhecidas como coxins preenchidas por sangue localizadas em nosso ânus. Ajudam na continência das fezes, ou seja, a segurar o cocô. Todo mundo nasce com hemorroidas.
Sintomas: pessoas podem apresentar sintomas relacionados às hemorroidas. Os mais comuns são sangue nas fezes, dor anal, aumento de tamanho das mesmas ou que “saíram pra fora”. Quando a hemorroida é sintomática, chamamos de doença hemorroidária.
Causas: sexo anal não causa hemorroida, pois nós já nascemos com elas, porém podem piorar os sintomas de doença hemorroidária em quem já tem uma predisposição. Intestino preso, obesidade, gestação e alimentos muito apimentados também podem piorar esses sintomas.
Prevenção: dietas ricas em fibras, higiene adequada sem papel higiênico e banhos de assento podem ajudar a prevenir e diminuir esses sintomas. Ficar muito tempo sentado no vaso sanitário distraído com smartphones ou alguma leitura é desaconselhável em quem sofre de doença hemorroidária.
Tratamento: tratamentos com pomadas com anestésicos e anti-inflamatórios, além de medicações conhecidas como flavonoides, usados para varizes, também podem ser utilizados. A doença hemorroidária seria como “varizes dos vasos do ânus”.
Cirurgia: em casos específicos pode ser indicado o tratamento cirúrgico, por isso é importante deixar claro para o seu médico que você pratica sexo anal para que ele possa te indicar a melhor técnica cirúrgica.
Fissura anal
O que são? Pequenas feridas na bordas do ânus, de causa não-infecciosa, ou seja, não é uma infecção sexualmente transmissível (IST).
Sintomas: Dor anal, principalmente durante as evacuações, é o sintoma mais comum. Pode também ocorrer sangramento nas fezes e coceira eventual.
Causas: constipação intestinal, músculo esfíncter do ânus muito contraído e relação anal sem os cuidados adequados são as principais causas de fissura anal.
Prevenção: controlar a constipação intestinal com uma dieta rica em fibras, aumento da ingesta de líquidos e a prática regular de exercícios físicos são fundamentais em quem tem uma tendência a formar fissuras. A relação anal deve sempre ocorrer com muito lubrificante, de preferência os a base de água e silicone, e não forçar a penetração se estiver com dor intensa, pois provavelmente nessa hora o esfíncter anal está muito contraído e essa é a condição ideal para se formar uma fissura.
Tratamento: o tratamento da fissura envolve medidas higiênico-dietéticas (dieta rica em fibras, não usar o papel e banhos de assento), e quando necessário, o uso de laxantes a ser prescrito pelo seu médico. Pomadas manipuladas com substâncias que ajudam a relaxar a musculatura do seu ânus também podem ser utilizadas, como os nitratos e os bloqueadores de canais de cálcio. Pode também ser feita uma aplicação de toxina botulínica (Botox®), que também ajuda no relaxamento do esfíncter.
Cirurgia: fissuras crônicas, que não melhoram com o tratamento clínico apresentado acima, devem ser tratadas cirurgicamente. Existem duas modalidades: uma que retira o tecido fibroso da fissura que não cicatriza, também conhecido como fissurectomia, e outra que, além da fissurectomia, também realiza uma secção parcial do músculo esfíncter interno do ânus, também conhecida por esfincterotomia parcial.
Fístula anal
O que são? São trajetos causados por algum processo inflamatório na região do reto e do ânus, que causam orifícios dos quais fica drenando pus.
Sintomas: normalmente queixam-se de orifícios ao redor do ânus com saída de pus, mas muitos podem confundir com sangramento ou saída de fezes. Podem causar também dor e febre, devido ao processo inflamatório local.
Causas: uma das causas é o entupimento de glândulas do ânus produtoras de muco, o que forma um abscesso, e o trajeto que fica da drenagem do abscesso é a fístula anal. Algumas doenças auto-imunes, como retocolite ulcerativa e doença de Crohn também podem formar fístulas ao redor do ânus. Pessoas que praticam sexo anal e vivem com HIV têm um risco maior de desenvolverem fístulas também.
Prevenção: melhora do hábito intestinal, tratamento das doenças de base (Crohn, HIV) e prática do sexo anal com os cuidados necessários podem ajudar na prevenção, mas muitas vezes o abscesso e a fístula anal ocorrem espontaneamente.
Tratamento: além de todas aquelas medidas envolvendo dieta e higiene da doença hemorroidária e da fissura, o diagnóstico correto e o tratamento com antibióticos é fundamental. Fístulas podem resolver só com o tratamento clínico, porém a forma mais definitiva de resolvê-las é o tratamento cirúrgico.
Cirurgia: existem alguns métodos, alguns utilizam cola de fibrina ou entram no trajeto com câmeras para poder fechá-lo. Mas esses métodos apresentam uma taxa de recidiva que não é desprezível. O método tradicional faz uma abertura ao longo do trajeto fistuloso e deixa cicatrizar sem dar pontos. Porém em casos no qual a fístula passa por trás do músculo esfincteriano, às vezes é necessário deixar uma espécie de dreno, conhecido com “sedenho”, para poder fibrosar o trajeto e não comprometer a continência das fezes.
Caso apresente algum dos sintomas apresentados, é aconselhável procurar um médico coloproctologista ou cirurgião para o diagnóstico e tratamento adequados.
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