Saúde LGBT+

Quais infecções podem ser transmitidas pelo beijo e quando devo me preocupar?

Não existe nada mais íntimo do que a troca de fluídos durante um beijo e algumas infecções podem ser transmitidas nesse momento

Parada LGBT de São Paulo. Foto: Paulo Pinto/FotosPublicas.
Apoie Siga-nos no

E finalmente chegou carnaval! Dieta tá ok! Academia ok! Camisinha ok! PrEP tá ok! Tá na hora de ir para os bloquinhos e beijar muito né? Mas existe algum risco de pegar algo pelo beijo? 

Não existe nada mais íntimo do que a troca de fluídos durante um beijo e, sim, algumas infecções podem ser transmitidas nesse momento tão gostoso. Mas uma boa notícia: a boca e a saliva são também um ambiente pouco convidativo para muitos agentes infecciosos, devido ao pH e a presença de anticorpos que ajudam a nos defender. Portanto, não é possível a transmissão do HIV ou das hepatites B e C pelo beijo, por exemplo.

Hoje vamos falar um pouco sobre as principais infecções que classicamente são transmitidas pelo beijo ou pelo contato íntimo na hora da pegação. Não vamos detalhar outras infecções sexualmente transmissíveis, pois já abordamos esse assunto em outros artigos da coluna. 

Lembrando que o objetivo desse artigo é apresentar os principais sintomas dessas infecções para que se possa ser realizado o tratamento precoce e adequado. Não deixem de beijar com medo de pegar doença, por favor!

Sapinho ou monilíase oral: causada por um fungo chamado cândida, por isso também pode ser chamado de candidíase oral. Apresenta-se por bolinhas brancas na mucosa da boca ou da gengiva, ou pequenas feridas que podem  parecer aftas. O tratamento normalmente é feito com medicações anti-fúngicas a serem prescritas pelo seu médico. É pouco comum em adultos com boa imunidade, ou seja, o risco de você pegar isso no carnaval é baixíssimo!

Herpes labial: causado pelo vírus da herpes, normalmente apresenta-se com feridinhas no canto da boca, mas também podem aparecer pequenas bolinhas vermelhas no lábio ou na mucosa. Podem aparecer essas lesões também nos genitais ou ânus. Normalmente são bastante dolorosas. Existem medicações que podem reduzir o tempo dos sintomas, como o aciclovir, porém o vírus continua latente e as lesões podem reativar, principalmente quando há uma baixa da imunidade – por exemplo o que ocorre no carnaval… Portanto não necessariamente a lesão da herpes apareceu por ter pego de alguém que você beijou recentemente, não dá pra saber de “quem você pegou”. É importante lembrar que o vírus da herpes só é transmitido se a pessoa estiver com a lesão ativa, ou seja, o machucadinho na boca ou nos genitais. Caso contrário, o vírus fica apenas alojado no nosso corpo, sem ser transmitido.

Mononucleose: também causado por um vírus de nome difícil, o Epstein-Barr. Pode se apresentar de diversas formas, mas o quadro clássico é uma inflamação na garganta, febre e gânglios aumentados, principalmente no pescoço. Muitas doenças podem apresentar com esse quadro clínico, inclusive uma amigdalite bacteriana e o próprio HIV na fase aguda da infecção (infecção recente). Por esse motivo, é importante sempre procurar um médico na presença desses sintomas. O tratamento é basicamente com sintomáticos e tem resolução espontânea em dias a semanas. 

Conjuntivites: não são apenas problemas na boca que o beijo pode transmitir. O contato íntimo pode passar também infecções nos olhos, conhecidas também como conjuntivites. A maior parte dos casos de conjuntivite são de causa viral. Os surtos de conjuntivite durante e após o carnaval são muito comuns, principalmente devido às aglomerações. A transmissão por meio da mão contaminada também é descrita. O importante é a pessoa com sintomas evitar o contato íntimo até a resolução do quadro, inclusive se afastando do trabalho no período.

Clamídia e gonorreia: muitos podem ser portadores assintomáticos dessas duas bactérias na saliva e na garganta. Portanto em teoria também podem ser transmitidas pelo beijo. Alguns indivíduos podem apresentar como sintoma uma inflamação na garganta e amígdalas. Mas a principal forma de transmissão continua sendo por via sexual, seja ela pelo sexo oral, anal ou vaginal. Nesses casos, a principal manifestação é o corrimento. O tratamento também ocorre é feito com antibióticos.

Hepatite A: A principal via de transmissão da hepatite A é por via oral. As mais clássicas são por meio de água ou alimentos contaminados por fezes ou pelas relações oro-anais (popularmente conhecido como cunete ou beijo grego). Entretanto, a via de transmissão pelo beijo é possível. A boa notícia é que existe uma vacina para a hepatite A e muitos de nós já tivemos a doença na infância e nós curamos, o que te deixa imune ao vírus. O quadro clínico clássico é febre, inapetência e icterícia (pele e olhos amarelados). Gays e trans de São Paulo, a Secretaria de Saúde disponibiliza a vacina para todas, portanto vacinem-se nessa semana que dá tempo de ficar protegida!

Então é isso pessoal, espero que tenham aprendido um pouco sobre as principais infecções transmitidas pelo beijo. É importante identificar precocemente os sintomas e tratar, quando indicado. Curtam bastante o carnaval, mas com responsabilidade!

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo