Saúde LGBT+

Fisting, assplay e outras formas de estimulação anal

Explore sua sexualidade anal tabus e com segurança

Fisting, assplay e outras formas de estimulação anal. Foto: Stock
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A região do ânus, por ser muito enervada e próxima dos genitais, pode provocar grande excitação sexual quando estimulada. Em outros artigos desta coluna, já falamos dos cuidados para o sexo anal seguro e prazeroso. Hoje vamos falar sobre sexo anal além da penetração.

A estimulação anal independe do gênero ou orientação sexual — homens cis heterossexuais também podem sentir prazer com a prática. E nem sempre envolve um pênis.

O assplay (do inglês “brincadeiras com ânus”) envolve uma série de práticas que podem ser realizadas a sós, como forma de masturbação, ou com um ou mais parceiros. A mais comum é a inserção de brinquedos e acessórios. Este tipo de brincadeira, inclusive, é recomendada a quem quer se penetrado, mas tem certa dificuldade. Funciona como um exercício para relaxamentos dos músculos do ânus.

É fundamental seguir essas orientações:

  • Sempre utilize apenas objetos específicos para a prática, normalmente vendidos em sex shops ou sites especializados; nunca utilize frascos, alimentos, cabo de vassoura ou qualquer outra coisa que não tenha sido fabricada para brincadeiras eróticas;
  • Objetos inseridos no ânus devem ter uma base mais larga, que precisa permanecer do lado de fora; 
  • O uso de lubrificantes é obrigatório. Dê preferência para os a base d’água ou de silicone, seguros para usar com preservativo;
  • Encape os objetos com preservativos. Além de facilitar a higiene, ajuda na prevenção de infecções sexualmente transmissíveis (IST’s).

Além dos brinquedos, existem outras formas de estimulação do ânus: o sexo oral-anal (também conhecido com rimming, cunete ou beijo grego), o fingering (a famosa dedada) e até práticas mais extremas como o fisting (inserção da mão, punho ou antebraço no ânus e reto). Vale ressaltar que todas elas envolvem riscos, principalmente quando se ignora alguns cuidados importantíssimos.

O sexo oral-anal, assim como qualquer outra forma de sexo oral desprotegido, também pode transmitir IST’s. Além disso, pode ocasionar doenças como a hepatite A (que, vale lembrar, tem vacina disponível) e outros patógenos que causam infecção intestinal.

Métodos de barreira ajudam a diminuir o risco de transmissão: preservativo ou dispositivos para encapar a boca e a língua, como o dental dam (muito utilizado por dentistas).

Em caso de dor abdominal, diarreia ou presença de muco ou sangue nas fezes, procure atendimento médico.

Na massagem com os dedos, é importante sempre usar lubrificantes e evitar o uso de saliva. A saliva pode ser fonte de transmissão de ISTs como clamídia e gonorreia. Sempre que possível, utilize luvas descartáveis.

Estima-se que de 3% a 8% dos homens gays e bissexuais já experimentaram o fisting. Considerado por muitos uma prática extrema, o fisting envolve riscos de lesões graves no ânus e no reto, e até de perfuração intestinal. Para reduzi-los, é fundamental seguir as seguintes regras: 

1- Sempre utilize luvas descartáveis;

2- Deixe sempre as unhas limpas e bem cortadas e com higiene adequada;

3- Abuse dos lubrificantes. Os de silicone e à base d’água ou silicone já são suficientes. Muita gente também usa o J-Lube, uma formulação em pó que pode ser misturada com água. Mas, como é de uso médico e veterinário, não é fácil encontrá-lo;

3- Evite o uso de anestésicos locais e drogas que possam mascarar a dor e perturbar os sentidos. Vale para quem está inserindo e para quem está recebendo.

4- Conheça seus limites: não é porque você conhece alguém habituado ou viu fisting no pornô que também irá conseguir. Tenha sempre uma palavra de segurança (safeword) e converse com o seu parceiro.

Nunca faça nada que considere arriscado, mesmo que seu parceiro ou sua parceira insista. A maior parte das lesões por fisting ocorre em práticas não-consensuais.

Lesões graves podem causar incontinência fecal, colostomia e até a morte. Caso perceba que algo deu errado, procure atendimento médico o mais rápido possível.

Muita gente, por medo ou vergonha, demora a ir a um hospital, o que atrasa ainda mais o tratamento, aumentando o risco de complicações. 

Em caso de dúvidas, procure orientação médica. Explore sua sexualidade sem tabus, mas com segurança.

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