Projeto Brasil

Um balanço de 2020 ou como derrotar Bolsonaro

‘O desafio para 2021 é entender que a construção de consensos não pressupõe a anulação de divergências’, escreve Chico D`Angelo

O presidente Jair Bolsonaro caminha durante a comemoração dos 54 anos da criação da Embratur. Foto: EVARISTO SA / AFP O presidente Jair Bolsonaro caminha durante a comemoração dos 54 anos da criação da Embratur. Foto: EVARISTO SA / AFP
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Por Chico D`Angelo*

É impossível imaginar um ano mais difícil que 2020 em nossa história recente.

Não bastássemos ter que lidar com a maior crise sanitária dos últimos 100 anos, causada pela pandemia da Covid-19, ainda vivemos a circunstância de ter no governo do Brasil um presidente como Jair Bolsonaro, representante de uma extrema-direita que aposta no obscurantismo, no ódio, na destruição de políticas públicas de bem estar social, na conivência com ataques ao meio-ambiente, na anticiência, etc.

O contexto político-eleitoral, com destaque para as eleições municipais, mostrou que apenas a construção de pontes entre setores progressistas, comprometidos com a democracia, é capaz de apresentar uma alternativa viável, que tire o Brasil do labirinto em que estamos metidos. O desafio para 2021 é entender que a construção de consensos não pressupõe a anulação de divergências, que certamente existem entre aqueles que encaram com responsabilidade a enorme tarefa de reconstrução que temos pela frente.

Garantir um enfrentamento consistente da pandemia – com a urgente necessidade de viabilizar a imunização da população brasileira, através da vacina, e dar condições de trabalho e segurança aos profissionais da saúde -, defender políticas públicas de apoio aos mais necessitados, lutar contra a degradação ambiental, entender a cultura também como um ativo econômico, evitar a dilapidação do estado pela sanha neoliberal, e investir em uma frente que se oponha ao bolsonarismo, são tarefas que devem pautar nossos compromissos.

É lamentável chegarmos ao final de 2020 perdendo quase 200 mil vidas de brasileiras e brasileiros para a pandemia, em larga medida em virtude da irresponsabilidade, do descaso, da incompetência e da desorganização, do governo federal. Não há o que comemorar, não há como amenizar ou suavizar a dor das famílias brasileiras no ano que se encerra.

Ao mesmo tempo, a constatação do horror não pode nos prender ao desânimo, ao sentimento de derrota certa, e à inação. Em Grande Sertão: Veredas, a obra-prima de Guimarães Rosa, o jagunço Riobaldo diz que o que a vida quer da gente é coragem. É exatamente isso que, como pessoas públicas no exercício da política, precisamos ter em 2021: a coragem de enfrentar nossos problemas. Sem otimismos tolos e sem pessimismos que nos impeçam de agir. Com a absoluta convicção de que a batalha é árdua, mas a vitória, que só virá como conquista coletiva, é possível e necessária.

* Chico D’ Angelo é deputado federal (PDT-RJ)

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