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Os 60 anos da Campanha da Legalidade

Houve um momento que as forças progressistas emergiram vitoriosas. Foi um tempo de grandes esperanças, escreve André Figueiredo

Os 60 anos da Campanha da Legalidade
Os 60 anos da Campanha da Legalidade
Foto: Senado Federal
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Hoje, completam-se 60 anos que o fundador do nosso partido, Leonel de Moura Brizola, então governador do Rio Grande do Sul, liderou uma campanha nacional em defesa do direito do vice-presidente João Goulart, assegurado pela Constituição, de assumir a Presidência da República.

Em 25 de agosto de 1961, o então presidente Jânio Quadros renunciou. Ainda há muita especulação sobre as razões que levaram Jânio a essa decisão, mas isso não vem ao caso. O fato é que, com sua renúncia, a Constituição determinava que o vice-presidente deveria assumir o seu lugar.

Naquele tempo, o vice-presidente era um cargo com mais legitimidade e soberania democrática do que hoje, porque era eleito à parte do presidente. E Goulart, quadro histórico do PTB (que hoje é o nosso PDT), obtivera uma votação excepcional nas eleições de 1960.

As forças golpistas do País, lideradas por alas militares conservadoras, alguns governadores e setores reacionários da sociedade, decidiram que Goulart não poderia assumir.

Foi então que a liderança e a coragem de um jovem governador chamou a atenção de todo o País.

Leonel de Moura Brizola não era um desconhecido. A imprensa nacional e internacional já o conhecia por sua decisão de nacionalizar empresas da área de energia e comunicações, em nome do desenvolvimento de estado que governava. Não era um radical. A exploração imperialista, e, em seguida, o golpismo, é que o forçaram a se radicalizar em nome do desenvolvimento, primeiro, e da democracia, em seguida.

Brizola mostrou como se esmaga um golpe. Liderou o que ficou conhecido na história como a Campanha da Legalidade, reunindo comunicadores do campo democrático de todo o País, que transmitiam seus discursos por uma rede nacional, e combatiam as fake news que os golpistas difundiam com o fito de impedir a posse João Goulart.

Goulart assumiu o governo no dia 7 de setembro. E a sua administração, que tinha quadros como Celso Furtado e Darcy Ribeiro, tentou levar adiante as chamadas reformas de base, que possibilitariam ao Brasil reestruturar a sua economia e se tornar um dos países mais desenvolvidos do mundo. Infelizmente, o golpe de 1964 interrompeu esse processo. E aí foi uma ação muito mais violenta e bem organizada, com apoio direto do governo norte-americano.

Entretanto, vale lembrar que houve um momento, há 60 anos, que as forças progressistas emergiram vitoriosas. Foi um tempo de grandes esperanças, como se viu em 1962, quando o mesmo Brizola se elegeu deputado federal pelo estado do Rio com uma das maiores votações (em termos proporcionais) já registradas na história do legislativo brasileiro.

O amor pela democracia, o respeito à Constituição e à legalidade, são características profundamente enraizadas no PDT, no trabalhismo e, ouso dizer, na maior parte dos movimentos progressistas do país.

Com um olho em nossa história de lutas, e outro no futuro, estamos preparando o caminho para uma nova fase do trabalhismo no Brasil, desta vez sob a liderança de Ciro Gomes, nosso pré-candidato para as eleições presidenciais de 2022.

Ciro costuma falar em três princípios que devem nortear a nossa atuação política no mundo: ideia, exemplo e militância.

O exemplo é a nossa própria postura, nossa ética, quem somos e como agimos, e não apenas o que falamos. Mas exemplo também é a história das lutas e glórias do passado. Dentre essas, a Campanha da Legalidade de 1961 é certamente um dos momentos e exemplos mais importantes da nossa história!

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